Compartilhando um Conto - final

, em sábado, 8 de outubro de 2011 ,
Oi, gente!
Aí vai a parte final do meu conto.


- Um gêmeo é alguém que é gerado com você, nasce e cresce com você. É um irmão ou irmã muito parecido ou até igual a você.
- E por que eu não tenho um gêmeo, Papai?
- Isso eu não sei lhe explicar, querida. – Vendo a filha quase às lágrimas, continuou. – Mas isso não é ruim, amorzinho. Só é diferente. Nosso planeta, Adrilin, tem muitos gêmeos, mas às vezes nascem crianças que não os tem e quando isso acontece os governantes fazem estudos com essas crianças para tentar descobrir o que as faz nascer sozinhas.
- Que estudos são esses, Papai? Eles lêem histórias escritas por crianças sem gêmeos que nem as que eu invento? – as lágrimas tinham ido embora e o olharzinho tinha se acendido sob a curiosidade.
- Não, Damla. As crianças vão para um lugar especial e lá são examinadas por cientistas.
- Eu posso ir lá? Quero ver como é.
- Não! – gritou a mãe. Damla olhou para ela muito assustada.
- Meu benzinho, - o pai chamou sua atenção. – para ir para lá você teria que ficar sozinha. Nós não poderíamos ir com você. Por isso, a protegemos tanto. E é por isso também que você não pode sair na rua. Se alguém vir você, vão dizer para os governantes que nós temos uma criança una e tirarão você do papai e da mamãe.
- Eu não quero ficar longe de vocês! Não, Papai! Não, Mamãe! – e abraçou-se com a senhora.
- Nunca, minha pequena! – disse a mãe. – Fique dentro de casa, não abra a porta nem a janela, Damla. É só o que pedimos.
A menina acenou afirmativamente com a cabeça, ainda abraçada firmemente à mãe. O amor pelos pais superou a curiosidade.

Três anos depois, o governo de Adrilin começou uma busca em todas as casas, pois alguém denunciara casais que escondiam seus filhos únicos dos cientistas. Os pais de Damla resolveram, então, largar seus trabalhos, a casa e sair do planeta.
Entraram em contato com um renegado que ajudava filhos únicos a escaparem dos campos de estudos dos cientistas e negociaram com ele passagens em uma nave para o planeta Tianrr, também do quadrante 3.
Enquanto esperavam para embarcar, Damla perguntou:
- Papai, você e a Mamãe também são filhos únicos como eu?
- Como? – o pai espantou-se. – Não, querida. Eu tenho um irmão gêmeo e sua mãe tem uma irmã, mas nós nos afastamos deles para que você não corresse nenhum risco.
- Então eu tenho tios? – o pai acenou positivamente. – E primos?
- Também. – foi a mãe que respondeu. – Minha irmã teve dois meninos e o irmão de seu pai teve três meninas.
- Eles me entregariam?
- Acho que não, – disse o pai. – mas nós acreditamos que fosse melhor, para manter todos seguros, que nem eles soubessem de você, e você não soubesse deles.
- Quem sabe, nós possamos entrar em contato com eles depois de nos estabelecermos em Tianrr. Tenho saudades da minha irmã, e seu pai também sente falta do irmão.
Soou a campainha de embarque.

Em Tianrr, um ano se passou antes de a família se sentir bem acomodada. Mas, apesar das dificuldades e do isolamento em Adrilin, Damla acreditava que os pais tinham feito o certo, pois agora tinha amigos e ia para a escola. Estava até em uma turma avançada, já que seu único divertimento no antigo planeta era a leitura.
A jovem destacava-se na turma de pesquisa e desenvolvimento de softwares. Aos quatorze anos, já desenvolvera um programa que foi adotado pela escola para reclassificação e sistematização da biblioteca.
Os pais de Damla estavam com trabalhos melhores e já tinham até comprado uma casa de três quartos para si. Estavam também tentando contatar as famílias em Adrilin para restabelecer a convivência, na esperança de que os filhos de todos pudessem, enfim, se conhecer.
A tia da garota cogitava, inclusive, se mudar para Tianrr também, sabendo das melhores condições de salários e de vida. Mas o contato com o tio ainda não tinha sido retomado. O pai de Damla acreditava que o irmão ainda estava muito ressentido com o afastamento em Adrilin.

O importante é que a família da garota estava começando, enfim, a ter uma vida normal, convivendo com as pessoas da cidade onde moravam e permitindo que a jovem tivesse amigos.

Espero que tenham gostado. =)

Camila Araújo (@miloca_araujo)

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