Compartilhando um Conto

, em quinta-feira, 6 de outubro de 2011 ,
Oi, gente!
Hoje vou postar a primeira parte do conto com o qual participei do Desafio de Contos do Multiverso, organizado pelos autores G. Brasman e G. Norris - que escreveram o livro Crônicas dos Senhores de Castelo: O Poder Verdadeiro - e pelos blogs do Multiverso.
Eu não ganhei o desafio, mas fiquei muito feliz por ter tido a chance de participar, e agora partilho o texto com quem não viu. (a segunda parte sai sábado)


Enfim, Liberdade

Damla nasceu no planeta de Adrilin sob o infortúnio do filho único. Seus pais, com receio de perder a convivência com a filha, esconderam o fato do nascimento da menina por uma década.
Mas a curiosidade infantil foi mais forte que a extrema proteção do casal e, em um dia de grande movimentação na cidade, atraída pelo burburinho que ouvia pela janela, a mirrada menina passou por trás de sua mãe – que preparava a mesa para a refeição do meio-dia – e abriu a porta que dava para a rua, deixada aberta pelo pai em um lapso de atenção.
Damla ficou encantada com as cores das roupas das pessoas, se espantou com a quantidade de passantes – nem em seus sonhos mais fantasiosos ela imaginara que existisse tanta gente como estava vendo. Então ela percebeu que muitas daquelas pessoas tinham rostos iguais ou muito parecidos; primeiramente pensou que estava vendo a mesma pessoa passar, mas observou que as roupas eram diferentes e sabia que ninguém era capaz de trocar as vestes em segundos.
A garota se perguntou por que aquelas pessoas pareciam tanto umas com as outras e ela não conhecia ninguém que parecesse com ela. Sabia que tinha os olhos do pai e o nariz e a boca da mãe, pois prestava bastante atenção neles, já que eram os únicos seres com quem convivia.
Nesse momento, seu pai voltou do mercado e, vendo a filha a um passo de sair de casa, correu, arrebatou a menina e bateu a porta com força:
- O que você estava fazendo lá fora, criança? Eu e sua mãe já lhe dissemos tantas vezes que é extremamente perigoso que os outros vejam você! Damla, por que você saiu?
- Me desculpe, Papai. – disse a pequena, chorosa. – Ouvi tantas conversas e fiquei curiosa. Não entendo qual é o perigo. As pessoas que vi pareciam tão felizes na rua... Por que não posso passear como elas? Por que vi dois de cada uma das pessoas lá fora e não tenho ninguém igual a mim?
A mãe, que tinha se assustado quando o marido irrompeu em casa, olhava desconcertada para ele. Sem saber como responder apenas balançava a cabeça. Então o homem olhou para a filha, sua garotinha inteligente, que devorava todos os livros que ele trazia para casa, e respondeu:
- Você não tem um gêmeo, princesinha.
- O que é um gêmeo, Papai?

Continua...

Camila Araújo (@miloca_araujo)

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