Resenha #36: O Livro Perdido das Bruxas de Salem - Katherine Howe

, em quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012 ,
Editora: Suma de Letras
Páginas: 357
Ano: 2010

Sinopse (Skoob):
"Uma leitura diabolicamente saborosa" - San Francisco Chronicle
"Uma história de bruxas que vai encantar você" - USA Today

Connie Goodwin queria que 1991 fosse um ano exclusivamente dedicado aos estudos para sua dissertação de doutorado em Harvard. No entanto, por insistência de sua mãe, acaba indo para o interior do condado de Essex cuidar da reforma da casa da avó. Assim que se estabelece no antigo casarão, começa um mergulho inevitável no passado daquele lugar e fica especialmente interessada pela figura de Deliverance Dane, uma mulher reconhecida em sua época por curar doentes, receitando remédios e poções.
É no condado de Essex que fica a famosa cidade Salem, palco dos históricos julgamentos de 1692, quando mais de 150 pessoas foram presas e acusadas de bruxaria e mais de vinte condenadas à forca. O episódio, considerado um dos mais infames da história dos Estados Unidos, ficou marcado como um triste exemplo de histeria coletiva, disseminada por uma comunidade em busca de vingança.
A pesquisa acadêmica sobre esse período e a busca pessoal de Connie por detalhes da vida de Deliverance Dane se cruzam ao longo de O Livro Perdido das Bruxas de Salem. Em certo momento, Connie tem certeza da existência de um "livro perdido" que guardaria os segredos da misteriosa personagem. Seriam remédios? Feitiços? A solução desse enigma é o grande impulso da história do livro, que investiga até onde pode ir o preconceito de uma sociedade contra alguns dos seus membros. "No período anterior à Revolução Científica, a conexão entre fé, saúde e ciência era bem escorregadia", acrescenta Katherine.
Embora seja descendente de Elizabeth Howe, enforcada como bruxa em 1692, e de Elizabeth Proctor, que escapou da execução por estar grávida na época e é personagem da peça "As Bruxas de Salem", de Arthur Miller, a autora conta que a ideia do livro só surgiu em 2005, quando ela se mudou para Marblehead, cidade vizinha a Salem: "Para muitas pessoas, descobrir uma conexão familiar é um modo de personalizar um período da historia que, de outro modo, seria muito remoto e difícil de acessar. No meu caso, sempre fui naturalmente interessada em aprender como era o dia a dia nos Estados Unidos daquela época. Como as pessoas se sentiam vivendo naquele mundo? Como era pensar sendo um puritano? Acho que o episódio de Salem pertence a todos os cidadãos americanos, e cada um de nós tem muito a aprender com ele."


Deliverance, Mercy, Prudence, Patience, Temperance, Sophia, Grace e Constance. Em português esses nomes significam: libertação, misericórdia, prudência, paciência, temperança, sabedoria, graça e constância.
O que esses nomes têm em comum? Descubram lendo O Livro Perdido das Bruxas de Salem.

Connie Goodwin está fazendo doutorado em Harvard e quer aproveitar o ano para pesquisar e dissertar sobre sua tese, mas a mãe dela pede que ela vá para Marblehead, Massachusetts, cuidar da limpeza e reforma da casa da avó para ser vendida.
A protagonista é historiadora especializada na vida colonial americana estudou sobre a bruxaria, que influenciou muito uma época da colonização em meados de 1690-1700, chegando ao ápice com o massacre das bruxas de Salem.

“A bruxa típica era uma mulher de meia-idade que estava isolada da comunidade, por razões econômicas ou simplesmente por não ter uma família, e por isso não tinha força social nem política. O que é interessante é o fato de que a pesquisa sobre os tipos de maleficium – ... – de que as bruxas normalmente eram acusadas revela que o mundo colonial era, na verdade, muito estreito para as pessoas comuns.”
Pág. 21

Então Connie viaja para a pequena cidade, apesar de não se lembrar da avó – mesmo que sua mãe tenha dito que elas se conheceram – e de não querer realmente fazer aquele favor à mãe.
A casa é um charmoso chalezinho de antes de 1700 que está quase tomado pelas plantas do jardim. E quando falamos em jardim, não pensem em rosas e arbustos bonitos, podem visualizar trepadeiras, alecrim, salsa, hortelã, acônito, dedaleira, beladona, abóbora, melão e até mandrágoras (na mesma hora pensei na Professora Sprout), entre muitas outras verduras, legumes e plantas.
Assim, em sua primeira exploração pela casa, Connie remexe uma estante de livros e descobre uma chave antiga que contém uma espécie de pergaminho com a inscrição Deliverance Dane, dentro de uma Bíblia. E ela resolve investigar o que esses nomes significam, indo para a igreja local, onde os registros dos moradores mais antigos ficam guardados.
Lá, Connie conhece Samuel Hartley, um restaurador de igrejas com mestrado em Estudos de Preservação fofo e gato. Ele a ajuda em suas primeiras pesquisas e uma amizade começa a surgir daí.
A busca por Deliverance Dane é difícil e isso só faz com que Connie fique mais interessada nela, o que a leva a escolher essa mulher como tema de sua dissertação do doutorado. Connie monta uma linha cronológica da família Dane a partir de registros de nascimento, casamento e morte além de encontrar alguns outros documentos que constroem a história da família. Suas buscas são feitas principalmente em Marblehead e Salém, mas ela também recorre às bibliotecas de Harvard.

O livro é estruturado em capítulos sobre o presente de Connie e Interlúdios – que mostram o passado de algumas personagens como Deliverance e Prudence.
Embasado em pesquisas históricas e influenciado por ancestrais da autora, o tema da bruxaria é abordado de forma diferente do comum, na verdade, esse romance é uma aula de história sobre a bruxaria do período colonial americano sem ter didatismos.
Nós mergulhamos nos historicismos quando Connie explica algumas das teorias que estudou ou defende para Liz – sua amiga e colega de quarto – e Sam, além de suas exposições ao seu professor orientador, Manning Chilton.
Em um momento do livro me veio à mente a música “Nesta noite o amor chegou”, do filme O Rei Leão. Há também trechos divertidos e sérios, um tanto tensos ou apenas leves. Acompanhamos o descobrimento de Connie sobre si mesma e sobre sua família.

Acho que depois dessa resenha enorme para os meus padrões, nem preciso dizer o quanto gostei e como eu indico com veemência, não é?

Nota: 5/5 (com direito a ser chamado de favorito).

Camila Araújo 

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