#277: Entre o Amor e a Paixão - Lesley Pearse
Páginas: 512
Ano: 2013
Continuação do livro Belle, da mesma autora
Sinopse: Uma mulher dividida entre o compromisso e o calor de um relacionamento passado. No início da Primeira Guerra, Jimmy, o marido de Belle Reilly, é levado para as trincheiras mortais do norte da França e Belle percebe que não pode ficar de braços cruzados quando tantos estão sacrificando suas vidas. Armada de coragem e boa vontade, ela se torna voluntária como motorista da Cruz Vermelha, também na França.Então, enquanto cumpre seu dever humanitário, um trágico acidente lhe coloca frente a frente com Etienne — o homem que fez parte de seu passado e a quem nunca esqueceu completamente.Dividida entre a paixão proibida por Etienne e a lealdade e o amor por Jimmy, Belle encontra-se em uma situação impossível. A confusão de seus sentimentos, misturada à escuridão da mais brutal das guerras, a levará a sucumbir para sempre, ou a força da vida será maior e a conduzirá, finalmente, à verdadeira felicidade? (via Skoob)
Entretanto, Belle encerra com um sentimento de finalidade e dever cumprido. A pequena parte inacabada de história era exatamente isso, pequena. Por mais que eu esperasse que a autora explorasse melhor os sentimentos e possibilidades da protagonista ao longo de sua jornada final de volta para sua casa londrina, tudo o que aconteceu no desfecho da história foi devidamente justificado - por vezes de forma conveniente e meio insossa, é verdade - e não houve aquela expectativa que existe quando um livro acaba e o leitor fica em um estado similar ao garotinho daquela propaganda do Tang nos anos noventa. Sabe, "quero mais!".
Diante desses fatos, a notícia que a Camila Araújo me deu a respeito da continuação me fez exclamar "ahá, eu sabia que a Pearse ia se tocar do vacilo cometido" ao mesmo tempo em que eu rezava para a autora corrigir todos os erros de ritmo da história anterior. Se ela não fizesse isso, ia ficar muito. Chato. De ler.
Ah, não dá para eu falar muito de Entre o Amor e a Paixão sem comentar o final de Belle, então, pardon my spoilers. O fato é que a Belle, no fim de Belle (nome no nome!), volta para Londres, toca a vida para frente, abre a loja de chapéus que ela descobriu ser a vocação dela, casa com o amiguinho Jimmy Reilly e, aparentemente, estava encaminhada para ter uma vida feliz, longe de bordéis e sequestradores. Entretanto, antes desse final todo certinho, a Belle passou um tempo com o Etienne, o malandro francês que ajudou-a a lidar com seu destino de cortesã quando a levou (sequestrada, por sinal) de navio até os Estados Unidos da América e, tempos depois, ajudou-a a fugir dessa vida quando ela já estava na França.
Gente. É o seguinte. Desde que o Etienne apareceu, a personalidade, a história, a motivação e atitude do rapaz tornaram-no a personagem mais interessante da história em segundos. Ele é divertido e humano, qualidades que faltam em quase todos os outros personagens da série, inclusive a protagonista. Depois da primeira aparição dele, no entanto, eu já estava conformada de que ele não teria mais muita importância na história, até porque ele se recusou a se envolver com a Belle-adolescente porque 1. Não podia tirar a virgindade da moça, senão os chefes dele o matariam; e 2. Ele era casado, amava muito a esposa e tinha filhos. Então, risquei da lista de torcida porque o Etienne demonstrou ser um capanga de gangue com moral e escrúpulos. Mais ou menos.
O negócio é que a Pearse desfez toda essa saída-pela-lateral-do-palco do personagem ao torná-lo o centro de uma das partes mais emocionantes e cheias de ação da história, ao mesmo tempo em que informava ao leitor que a mulher e os filhos do cara tinham morrido tragicamente em um incêndio. Ou seja, não só o Etienne demonstrou ser um personagem carismático e um verdadeiro herói na trama, como também estava livre e desimpedido para agarrar a Belle no final da história.
O fato dele NÃO ter feito isso é a parte mais insatisfatória do primeiro livro e também o link para o segundo volume.
Resumindo: eu fiquei na expectativa de ler um triângulo amoroso tórrido que justificasse o título: Entre o Amor (que obviamente seria o estável e seguro Jimmy) e a Paixão (Etienne, uh lá lá). Aliás, o título dá um baita spoiler desse plot e está longe de se parecer com o original da Pearse, que era "The Promise" ("A Promessa", em Português).
No entanto, mais uma vez, a narração pautada da Pearse acabou tornando a história muito expositiva e entrecortada. Ela dá voz a personagens que não complementam muito bem a leitura, ou alterna pontos de vista em horas inapropriadas. Em um momento no meio do livro, ela pulou entre Belle, Jimmy e Etienne e eu simplesmente não notei nenhuma transição no clima da narração. Quero dizer, eu sabia que estava lendo o enredo pelos olhos de um ou outro personagem, mas o ritmo e o raciocínio deles parecia o mesmo.
E muitas coisas importantes que ocorreram no livro anterior perdem o propósito e se destroem neste, vítimas de um misto dramalhão e seriedade. Por exemplo, a loja de chapéus, que era o sonho maior da protagonista no primeiro livro, é deixada de lado de uma forma que não passou, pelo menos para mim, a noção de que a personagem principal estava realmente abalada com a decisão de largar esse negócio.
Sobre o excesso de exposição, a escritora demonstra ter tido um cuidado primoroso com pesquisa sobre Londres e o resto Europa no início do século XX, bem como o impacto da Primeira Guerra Mundial sobre a sociedade londrina daquele tempo, traduzidos nas mudanças na vida dos Reilly e companhia. Todavia, esse detalhismo criou muitos capítulos e subplots supérfluos, que não adicionaram nada ao enredo e só serviram para tornar a leitura tediosa. Confesso que sofri ânsias de pular algumas partes em busca de algo que me prendesse ao livro, motivo pelo qual só estou escrevendo essa resenha praticamente um ano depois de recebê-lo da chefa.
Não vou discutir muito o enredo para não estragar a surpresa de ninguém, mas achei que, mais uma vez, a autora recorreu ao uso recorrente de deux ex machina para solucionar problemas situacionais e mentais dos personagens. O final deixou em mim o gostinho distinto de novela mexicana, e como o livro tem pretensões de se levar a sério demais, essa sensação me deixou um tanto frustrada.
Quanto à diagramação e estética, contudo, não tenho nada a reclamar. O livro é tão bonito quanto o primeiro volume, a foto de capa é belíssima e a tipografia combina muito com a proposta da história.
Enfim, meu veredicto é: encare esses dois livros como simples romances de loja de jornal, sem muitas expectativas, sem esperar algo inovador e deslumbrante. Não esperem que o livro cause epifanias, okay?
#276: Belleville - Felipe Colbert
Páginas: 301
Ano: 2014
Sinopse (Skoob):
Se pudesse, Lucius aterrissaria em 1964 para ajudar Anabelle
a realizar o grande sonho do seu falecido pai! De quebra, ajudaria a moça a
enfrentar alguns problemas muito difíceis, entre eles resistir à violência do
seu tio Lino. Claro que conhecer de perto os lindos olhos verdes que ele viu no
retrato não seria nenhum sacrifício... Sem conseguir explicar o que está
acontecendo, Lucius inicia uma intensa troca de correspondência com a antiga
moradora da casa para onde se mudou. Uma relação que começa com desconfiança,
passa pelo carinho e evolui para uma irresistível paixão – e para um pedido de
socorro...
Anabelle vive em Campos do Jordão, em uma casa grande que
fica em um terreno ainda maior. Ela acabou de perder o pai e se vê numa
situação um tanto complicada, pois não trabalha e seu dinheiro está acabando. Além
disso, seu maior sonho é terminar uma construção que o pai começou: Belleville,
uma montanha-russa.
Ela escreve uma carta falando da construção e enterra em uma
caixinha na base do pilar central da montanha-russa. O ano é 1964.
Lucius acaba de se mudar para Campos do Jordão para cursar
faculdade de matemática. Seu pai aluga para ele uma casa um pouco afastada da
cidade, antiga e enorme. Conhecendo a casa, Lucius encontra uma foto antiga de
uma jovem entre os livros da biblioteca. A jovem, muito bonita, está enterrando
algo em frente a um pilar.
Ao andar pelo terreno, Lucius dá de cara com o ambiente onde
a foto antiga foi tirada. Ele cava o local e encontra uma caixinha com uma
carta dentro, endereçada ao morador da casa. A carta é de Anabelle. O ano é
2014.
O jovem fica tocado pela emoção da carta e a responde,
enterrando novamente a caixa. Depois de poucos dias ele cava de novo por
curiosidade e encontra uma resposta atravessada de Anabelle. Então ambos
começam a se corresponder daquela maneira estranha e Lucius se vê cada vez mais
envolvido e mais encantado por aquela moça que viveu cinquenta anos antes dele.
Eles não entendem porque conseguem se comunicar, mas depois
do choque inicial, se aproximam, tornam-se amigos e o sentimento cresce. Assim como
a vontade cada vez maior de Lucius realizar o sonho de Anabelle de ver
Belleville construída.
O livro é uma obra de ficção científica, mas quem não gosta
do gênero pode ler só pelo romance, que é a parte realmente central da obra. Eu
mesma praticamente esqueci toda a coisa dos 50 anos separando o casal e me
deixei encantar pelos dois personagens.
Anabelle é uma jovem que cresceu resguardada pelo pai. Ela não
tem independência nem vivência para se manter bem provida, portanto se isola
mais e mais em sua casa. Lucius é um rapaz consciente de seus deveres para com
a universidade, mas se vê completamente obcecado pelo projeto da
montanha-russa.
Gostei bastante do livro e indico para quem gosta de
romances e não se incomoda com um toque de ficção científica.
Nota: 5/5.
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Top Comentarista: Dezembro/2014
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Novembro teve 41 participações! Obrigada a todos que participaram!
Quem leva o livro de Outubro/2014 comentou na resenha de Crepúsculo e foi a Ana Paula Barreto!
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