#101 - O Castelo Animado - Diana Wynne Jones

, em segunda-feira, 8 de outubro de 2012 ,
Editora: Record
Páginas: 318
Ano: 2007

Sinopse (Skoob):
A jovem Sophie é surpreendida pela perversa Bruxa das Terras Desoladas enquanto trabalha, entediada, na chapelaria da família. Por motivos que ela desconhece, a Bruxa, a transforma numa velha de 90 anos, e Sophie não vê outra saída senão fugir para evitar a dor de não ser reconhecida por suas irmãs. Vagando sem rumo, a "jovem senhora" acaba na porta dos fundos do castelo do terrível Mago Howl, conhecido por devorar o coração das moças do povoado.


Diana Wynne Jones escreve histórias atemporais. Não por lidar com temas fantásticos ou folclore, mas por escrever de forma a tornar a leitura agradável para todas as idades. Suas obras são curtas em palavras, mas nunca em conteúdo, e ela tem o hábito de interliga-las de forma saudável, sem pressionar o leitor a ler todos os livros, mas deixando uma curiosidade gostosa e gratificante. Sério, ela é realmente mágica.

E de tudo o que ela já escreveu, em minha humilde opinião, O Castelo Animado é a obra prima suprema. É tudo perfeito nesse livro, desde a forma como ela nomeia os capítulos até caracterização de absolutamente todos os personagens citados no enredo. Para vocês terem noção do quanto eu amo essa estória, eu comprei um paperback em Inglês, li, pirei e comprei a edição brasileira da Record. Aliás, antigamente, quando alguma mãe desesperada vira para mim e diz "o que eu faço para a minha filha virar uma traça que nem você gostar de ler como você???", eu dizia, na lata, Harry Potter. Atualmente, sugiro O Castelo Animado. (Certo, acabei de dar voltas e voltas na cabeça de vocês sem justificar toda a adoração, mania que peguei do Howl, mas já vou corrigir isso.)

Como a maioria dos que leram o livro de 2007 para cá no Brasil, o interesse por ele surgiu por causa da versão animada que a Ghibli fez dele, alguns anos atrás. Ainda vou fazer um Do Livro para a Telona com esse filme para comparar com a história, mas me contento em dizer, por enquanto, que a versão anime de O Castelo Animado me cativou a ponto de me fazer comprar o já mencionado paperback made in English já mencionado. E foi uma das minhas compras mais inspiradas, garanto! O livro já começa atiçando a curiosidade com um comentário despreocupado da autora na dedicatória, explicando que ela escrevera aquilo porque um menino havia pedido a ela, uma vez, que fizesse um livro sobre um castelo voador. Infelizmente, ela perdeu o papel com o nome do rapazinho-muso, mas deixou bem claro que o resultado final estava sendo dedicado a ele.

Logo depois dessa que é, para mim, uma das dedicatórias mais lindas dentre os livros que já li, começa a listagem dos capítulos. Não sei vocês, mas eu quase nunca leio o índice dos livros, porque sou de remoer coisas e, quando o nome dos capítulos é muito sugestivo, acabo descobrindo certas surpresas e estrago a minha leitura. No entanto, a listagem dessa obra em particular atiçou a minha curiosidade, porque todos os capítulos começavam com a mesma expressão! Em Inglês, "In which Sophie..." (que ficou traduzido como "Onde Sophie...") seguido de uma explicação espirituosa da situação enfrentada pela protagonista naquela parte. Por sinal, sugiro que todos voltem ao índice e releiam esses títulos depois de finalizar a história, porque é muito engraçado entender as nuances implícitas neles depois de saber do que tratam.

Falando em Sophie, ela é uma das razões pelas quais esse livro é tão abrangente em questão de público alvo e faixa etária. Ela não é uma criancinha precoce, nem um adulto calejado; é uma moça de dezoito anos. Não é nova demais para causar ceticismo em leitores mais velhos, nem velha demais para intimidar e trazer exagerada complexidade para os leitores mirins. Além disso, é uma personagem principal que ocupa o papel da "excluída", "underdog", recurso bastante utilizado para angariar a empatia do público, mas que aqui não é empregado com exagero. Da metade para o fim da história, toda a percepção do leitor sobre a situação de gata borralheira de Sophie muda completamente. No começo, ela é definida como a irmã mais velha do conto de fadas, aquela que nunca é a mais bonita, nem a mais amada e certamente nunca aquela que encontra um príncipe encantado. Afinal, por ordem de nascimento, isso recai para a caçula, ou para a irmã do meio. O fato dela passar quase que todo o livro na forma de uma velhinha de noventa anos contribui para essa imagem - e para todas as gargalhadas.

Para combinar com essa situação, Howl, o outro protagonista, certamente não pode ser enquadrado no estereótipo de par romântiquinho da protagonista. Pode até ser que ele passe essa ilusão no início da história, com sua aparência e charme dignos de um pavão, mas a imagem logo é desfeita quando Sophie começa a conviver com o rapaz dentro do castelo animado. Sério, o Howl destrói a própria pose de galã rapidamente, mostrando-se egoísta, completamente avoado, com umas prioridades meio esquisitas e um estilo de vida de universitário que nunca lava a louça. Isso tudo sem fazer com que o leitor desgoste do cara. Muito pelo contrário, todas as falhas dele não o tornam menos gostável ou menos badass. Quero dizer, ele enfrenta batalhas épicas geradoras de tufões e tsunami, o cara é demais!

Entretanto, meu personagem favorito do livro é, provavelmente, Calcifer, o PODEROSO DEMÔNIO DE FOGO MWHAHAHAHA que está pateticamente atrelado à lareira do castelo de Howl, já que é o responsável por torná-lo animado. Uma dica: Calcifer vai dar um montão de dicas sobre certas maldições ao longo de toda a história. É interessante ler o livro prestando bastante atenção em tudo o que ele fala. (Confesso que eu não entendi nem metade das dicas dele e tive que olhar na Wikipedia quais eram, argh.)

Não vou falar muito do enredo propriamente dito porque qualquer informação além da sinopse ou dos personagens vai estragar completamente a diversão de qualquer um - como eu disse, a história não é longa - mas recomendo muito, muito mesmo a leitura!

Nota: 5/5

P.S.: Só não entendo qual era o problema de ter traduzido o título todo. "O Castelo Animado de Howl". Poxa, custava nada.

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