Resultado do sorteio Garota Exemplar
O livro Garota Exemplar foi concorrido e angariou 1036 participações.
Cada um tem uma opinião sobre o que faz de uma garota a exemplar e vocês podem conferir a resposta de todos e o nome do vencedor(a) aqui: http://miloquice.blogspot.com.br/2013/04/sorteio-garota-exemplar.html
Katia Matos, você tem 3 dias para enviar seus dados para o e-mail coledehistoria@gmail.com.
Resultado do sorteio Cole e Universo Literário
Depois das 1988 participações que deixaram a San e eu extremamente felizes, é hora de anunciar o felizardo(a) que leva 4 livros para casa!
Nós pedimos para citarem um mago/bruxo e onde o conheceram e a maioria das respostas foi Dumbledore, Gandalf e Merlin, sendo este último apresentado em vários filmes/livros diferentes.
Confiram o nome do vencedor neste post: http://miloquice.blogspot.com.br/2013/03/sorteio-cole-e-universo-literario.html#idc-cover
Manu Hitz, você tem 3 dias para enviar seus dados para o e-mail coledehistoria@gmail.com. No e-mail diga qual livro desta página você quer.
Quando as séries me consomem...
Há mais de uma semana, provavelmente duas, que estou rodeada
de crimes, forças-tarefa, policiais, tiros e autópsias. O motivo não é um
livro, apesar de eu adorar livros policiais. São duas séries que me absorveram
quase que completamente, ao ponto de eu não terminar de ler nenhum livro
enquanto me atualizo nelas.
A primeira é Rookie Blue, que veio parar no meu computador
no carnaval, quando a Larissa – vulgo: a culpada entendedora entenderá – me passou as duas primeiras
temporadas. Vejam bem, eu esperei mais de dois meses para começar a assistir, o
que foi bom e ruim.
Bom porque a quarta temporada da série começa em maio e eu
não estou há tanto tempo desesperada por ela, apesar de estar bem desesperada. Ruim
porque, primeiro: a série me fez abandonar quase completamente os livros, e
segundo: ainda falta quase um mês para a quarta temporada! E eu queria essa
para ontem, apesar de não poder explicar minha necessidade ou eu estaria dando
spoilers.
RB, como eu carinhosamente apelidei a série por motivos
de economia ao escrever sobre ela, é sobre um grupo de policiais novatos
que acabaram de sair da academia e começam a trabalhar no 15º distrito. Apesar de
ser gravada em Toronto, Canadá, não há muitas referências à esse fato, acredito
eu para não chamar muita atenção ao fato de não ser uma série americana. (Vocês
podem conhecer um pouquinho mais da série aqui e neste
post da Kellen.)
Voltando ao motivo da série ter me arrancado dos livros: os
episódios e a história dos personagens (os quais amo a todos! Até a Gail, que eu
achava uma chata já subiu muito no meu conceito.) me envolveram de tal maneira
que eu passava de um episódio para o outro em sequência e baixei desesperada a
terceira temporada que me deixou enlouquecida!
Eu ri, chorei (horrores, não é, Kell?), briguei, chamei uns
de idiotas e outros eu quis abraçar... (É, gente, eu sou doida e falo com os
personagens. u.u) Me apaixonei pela série e até agora, mais de uma semana
depois de ter assistido à terceira temporada ainda estou com ganas de matar os
roteiristas, porém só me entende quem assiste.
Ah! RB também me trouxe novos alvos de piriguetagem.
=D Deem uma olhadinha:
Eu tinha pensado primeiramente em fazer um post só sobre
Rookie Blue, falando de cada personagem e tal, mas depois de RB, ainda na
fissura por séries, eu assisti uns episódios antigos de Criminal Minds e
Flashpoint e ainda assim não passou a vontade de séries. O que fazer... Resolvi baixar,
desde o início uma outra série policial de meu interesse e a escolhida foi
NCIS, que está no finalzinho da décima temporada e já foi renovada para a
décima primeira.
Podem me chamar de doida mais uma vez por estar começando
agora um programa tão longo. Mas eu explico de onde vem a vontade de acompanhar
tudo: assisto a episódios soltos no canal AXN, da Sky, e fui ficando cada vez
mais interessada nas vidas dos personagens, o que me levou a resolver enfrentar
a odisseia de baixar tudo e ver na ordem. Ah! Além de baixar, prometi que no
fim envio tudo pra Sanzinha.
;)
Isso acontece porque eu sou viciada em entender cronologicamente
o que acontece com todo mundo, ainda mais depois de me apegar ao pessoal. Então,
agora eu preciso entender como a Ziva entrou no grupo, se o DiNozzo sempre foi
um crianção, porque o Gibbs é tão ranzinza e... Eu adoro a Abby.
Ainda não terminei de assistir a primeira temporada, mas
estou gostando cada vez mais do pessoal, o que significa que provavelmente não
desistirei até ver tudo.
NCIS é uma
série sobre investigadores criminais da marinha. A equipe do Gibbs investiga
crimes que envolvam marinheiros e fuzileiros navais, assim como suas famílias. Eu
os vejo como uma espécie de FBI especializado. (Que os personagens não reclamem
da comparação já que as duas agências têm uma rixa ferrenha. rs)
Mas eu nunca abandono os livros por muito tempo e ontem mesmo estava lendo mais de A Abadia de Northanges, então logo-logo vocês verão resenhas por aqui. Até porque a internet não tem me ajudado em baixar rápido as temporadas...
Enfim... Quem assiste as duas séries? Alguém assiste só uma delas? O que vocês
acham?
P.S.: Gostaram desse post mais pessoal? Gostariam de ver mais pautas nesse estilo?
P.S.: Gostaram desse post mais pessoal? Gostariam de ver mais pautas nesse estilo?
Para aumentar a estante #81
Quem acompanha o blog há um bom tempo sabe que eu sou louca pelos livros da Sarah Addison Allen (Encantos de Jardim e A garota que perseguiu a lua), então imaginem a minha alegria ao saber, dias atrás, que a Editora Planeta lançará agora em maio mais um livro dessa autora!
Conheçam O Pessegueiro:
Sinopse:
Willa Jackson vem de uma antiga família que ficou arruinada gerações antes. A mansão Blue Ridge Madam, construída pelo bisavô de Willa durante a época áurea de Walls of Water, e outrora a mais grandiosa casa da cidade, foi durante anos um monumento solitário à infelicidade e ao escândalo. Mas Willa soube há pouco que uma antiga colega de escola – a elegante Paxton Osgood – da abastada família Osgood, restaurou a Blue Ridge Madam e a devolveu à sua antiga glória, tencionando transformá-la numa elegante pousada. Talvez, por fim, o passado possa ser deixado para trás enquanto algo novo e maravilhoso se ergue das suas cinzas. Mas o que se ergue, afinal, é um esqueleto, encontrado sob o solitário pessegueiro da propriedade, que com certeza irá fazer surgir coisas terríveis. Pois os ossos, pertencentes ao carismático vendedor ambulante Tucker Devlin, que exerceu os seus encantos sombrios em Walls of Water setenta e cinco anos antes, não são tudo o que está escondido longe da vista e do coração. Surgem igualmente segredos há muito guardados, aparentemente anunciados por uma súbita onda de estranhos acontecimentos em toda a cidade.
Gostaram da capa? Eu amei! *-*
Book tour: Guardiões - Diário I: O Cordeiro e O Lobo
Oi Coles,
como estão todos? Espero que bem. =)
Pelo banner vocês já sabem do que vou falar, então conheçam qual livro viajante conhecerei e apresentarei para vocês logo-logo.
Alguém não sabe o que é book tour? Eu explico.
Esse evento ocorre quando um autor/blog/editora disponibiliza um ou mais volumes de um livro e o manda para alguém, que lê, resenha e manda para outro alguém e assim por diante, até o fim da lista de leitores, quando o livro volta para quem organizou o book tour.
Então, eu soube do livro da vez durante o último concurso cultural do blog, quando a Renata Nolasco (a segunda colocada) me falou do livro que estava lançando. Conheçam Gardiões - Diário I: O Cordeiro e O Lobo.
Sinopse:
Os guardiões estão em guerra. Suas Famílias desbravam uma batalha que se estende por eras e cujo fim não se desenha no horizonte. A guerra um dia foi travada no mundo dos homens, mas há muito uma grande operação a trouxe para o anonimato. A Família Aere é lar dos guardiões do vento; eles sempre viveram em paz, até que um de seus próprios filhos, cegado pelo desejo de ser o homem profetizado a trazer o fim da guerra, se voltasse contra os que se opusessem ao seu reinado. Aere se opôs, tornando-se alvo de ataques violentos por parte deste guardião. Como consequência de um dos ataques a Família perdeu o seu Oráculo, e até que um novo surgisse guardiões foram perdidos para sempre. Aere ainda procura pelos filhos perdidos nesses anos sombrios. Daniel está prestes a descobrir algo tão surpreendente quanto à sua capacidade de explodir luminárias quando sente medo.
Eu serei a primeira leitora do grupo e estou ansiosa. Assim que ler, contarei todas as minhas impressões para vocês.
Ah! No site tem o livro em e-book para download.
Para aumentar a estante #80
A Intrínseca está com vontade de levar os fãs de Rick Riordan à loucura e à falência!. Vejam o que vai sair coladinho com A Marca de Atena, no dia 03 de Maio:
Sinopse:
Todo jovem semideus precisa se preparar para um árduo futuro: destruir monstros, aventurar-se pelo mundo e lidar com os temperamentais deuses gregos e romanos. Nesse volume recheado de relatos inéditos, retratos e entrevistas com personalidades do Olimpo, diagramas e brincadeiras criados pelo Escriba Sênior do Acampamento Meio-Sangue, Rick Riordan, Percy Jackson e seus amigos vão encarar inimigos perigosos e tarefas mortais. As lições aprendidas com essas histórias poderão salvar a vida de qualquer semideus!
Ele é repleto de informações inéditas, como relatos heroicos, retratos e entrevistas com os polêmicos Martha e George, além de brincadeiras e diagramas criados pelo Escriba Sênior do Acampamento Meio-Sangue, Rick Riordan.
Leitura obrigatória para todo jovem semideus, o livro complementar da série Os heróis do Olimpo ensina tudo o que um candidato a herói deve aprender para encarar inimigos perigosos e tarefas mortais! Afinal, é preciso estar preparado para destruir monstros, aventurar-se pelo mundo e lidar com os temperamentais deuses gregos e romanos.
Curtiram? Eu adorei, pois adoro os livros extras do universo de Percy Jackson!
#150: O Dragão de Sua Majestade - Temeraire #1 - Naomi Novik
Editora: Galera Record
Páginas: 348
Ano: 2010
Sinopse (Skoob):
Imagine-se o leitor em pleno decurso das Guerras
Napoleônicas. Com uma ligeira alteração... Os combates travam-se, não somente
em terra ou no mar, mas também... Nos céus. Num tempo alternativo, o planeta é
compartilhado por duas espécies igualmente inteligentes: os humanos e os
dragões. Estes se associam aos homens quando à nascença recebem o arnês das
mãos de um deles, criando um vínculo quase simbiótico que perdura ao longo das
suas vidas. Seres magníficos e poderosos, além de capazes de voar, os dragões transportam
toda uma tripulação de aviadores, acrescentando um devastador contributo às
batalhas. Foi assim que o capitão Will Laurence viu a sua vida mudar de um dia
para o outro quando abalroou uma fragata francesa e capturou um ovo de uma
espécie muito rara de dragões, oferta do Imperador da China ao próprio
Napoleão. Peter Jackson, o realizador de O Senhor dos Anéis, adquiriu já os
direitos para o cinema desta inovadora epopeia fantástica.
Cumprido o item 9 do DRD/13: ler um livro cujo título tenha
mais de 5 palavras.
Sabe quando você está no shopping sem nada para fazer,
procurando alguma coisa para matar o tempo? Daí sua livraria preferida da
cidade fica nesse shopping e como a(o) bookaholic que é, você vai para lá.
Acontece de, nesse dia, você ter dinheiro. Então você começa a olhar as
estantes, ler sinopses de livros que não conhece e – com a mão especialmente
talhada para séries literárias – dá de cara com algumas séries interessantes.
Foi assim que esse livro veio parar na minha estante, uns
dois ou três anos atrás mais ou menos.
Gostei dele de cara por causa da capa! E a sinopse é muito
interessante: uma narrativa cronologicamente encaixada numa guerra que
realmente existiu com o plus de
dragões fazerem parte do exército! Gente! Gente! Eu tinha que conferir essa
combinação! Então acompanhem abaixo o que achei.
Will Laurence é o capitão do Reliant, um dos navios de guerra ingleses em operação na Guerra
Napoleônica. Ele e sua tripulação tomam um navio francês e encontram nesse
navio um ovo de dragão prestes a chocar, então eles sorteiam o marinheiro que
colocará o arreio no dragonete – dando cumprimento ao protocolo de nascimento
de dragão para manter o animal no Corpo inglês.
Quando o dragãozinho sai do ovo, o marinheiro sorteado está
à espera e tenta falar com a ferinha, mas é ignorado e o animal se dirige a
Laurence, que se vê obrigado a arreá-lo e a se afastar do comando do navio,
pois agora ele terá que pertencer ao Corpo de Aviadores.
Laurence dá ao dragão o nome de Temeraire e passa os dias,
até chegar ao porto, conversando com ele quando o animal está acordado e não se
alimentando.
Quando aportam e se apresentam ao Almirantado, o almirante
do Corpo tenta separar Laurence e Temeraire, mas o dragão não aceita seu novo
piloto e isso força o Corpo a aceitar Laurence. Assim os dois são enviados ao
enclave que mais rápido treina aviadores e é especialista em casos diferentes
como o de Laurence e Temeraire.
Lá, homem e dragão se tornarão cada vez mais próximos e
aprenderão como voar em batalha e atingir navios e dragões inimigos. Farão
também novos amigos e aprenderão muitas coisas interessantes. O quê vocês terão
que descobrir lendo O Dragão de Sua
Majestade.
Como eu disse no início: guerra + dragões = épico!
Sério, Coles, eu adorei o livro! Os dragões foram muito bem
colocados no cenário da Guerra Napoleônica e nem parecem estranhos ao contexto.
Além disso, a Naomi criou toda uma história sobre os dragões, suas diferentes
raças, personalidades, habilidades e usos que parece que eles sempre estiveram
entre os humanos. (Eu quero um dragão de estimação, alguém me dá? *-*)
Usando uma referência mais conhecida do público: eu vi a
ligação de Laurence e Temeraire como a ligação de Eragon e Saphira. Porém as
histórias são completamente diferentes, até porque, em O Dragão de Sua Majestade essas feras estão por todo lado! Só no
enclave onde Temeraire treina tem mais de 6 dragões. Napoleão tem pra lá de 50
animais em seu poder, os ingleses têm um pouco menos, e os chineses são os
criadores das melhores e mais antigas raças de dragões.
Esse livro é para quem gosta de fantasia misturada com um
pouco de realidade!
Eu indico demais!
Nota: 5/5 - favorito!
#149: Graceling - O dom extraordinário - Sete Reinos #1 - Kristin Cashore
Editora: Rocco
Páginas: 496
Ano: 2011
Sinopse (Skoob):
Em seu livro de estreia, Kristin Cashore leva os
leitores para o incrível mundo dos sete reinos, onde vive Katsa, uma jovem
guerreira que descobre ter uma habilidade extraordinária: o dom de matar.
Combinando elementos de fantasia e romance, a autora retrata habilmente as
descobertas e as angústias da garota, evitada e temida pelo seu dom. O livro
alcançou a lista dos mais vendidos do The New York Times e recebeu diversos
prêmios, entre eles o de livro do ano da prestigiada Publishers Weekly. A jovem
guerreira Katsa tem olhos de cores diferentes: um azul e outro verde. Esta
peculiaridade não ressalta apenas a beleza da jovem, mas também a marca de um
verdadeiro Graceling, alguém com um dom extraordinário. Alguns são excelentes
nadadores, dançarinos, cozinheiros, matemáticos. Mas o dom de Katsa é diferente
e único: ela possui a habilidade de lutar e matar. Por causa disto, é usada
como assassina pelo cruel rei de Middluns, o seu próprio tio. Consumida pela
culpa, Katsa cria o Conselho, uma confraria, a partir da qual passa a promover
missões secretas para prevenir injustiças e lutar pela liberdade. Combinando
elementos de fantasia e romance, Cashore retrata habilmente as crises,
descobertas e angústias de Katsa. Evitada e temida pelo seu Dom, a jovem luta
com questões de liberdade, verdade e lealdade enquanto tenta sair do domínio
maligno de seu tio. Uma tarefa complicada para quem cresceu sem muitos amigos.
A reviravolta na vida de Katsa começa quando conhece um misterioso jovem,
durante uma missão de resgate orquestrada pelo Conselho. De volta para Middluns,
Katsa descobre que Po é o mais jovem dos herdeiros do reino de Lienid, neto do
ancião que resgatou e também um Graceling. Diferentemente dos outros, Po não a
teme e se mostra capaz de olhá-la nos olhos. E com o seu misterioso dom, parece
ser o único capaz de enfrentar Katsa em combate. Juntos, os dois Graceling
partem numa aventura para encontrar o responsável pelo sequestro do avô de Po e
descobrem muito mais do que esperavam sobre seus dons, suas vidas e sobre o
futuro de todos os 7 reinos. Com uma escrita elegante e personagens
inesquecíveis, Kristin Cashore cria uma fantasia empolgante, uma aventura que
desafia a própria morte, e uma belíssima história de amor.
Depois dessa sinopse e-nor-me, vocês hão de concordar comigo
que eu não preciso resumir a história, não é? A não ser que eu quisesse soltar
alguma spoiler, o que de forma alguma
farei, fiquem tranquilos.
Dito isso, falarei do que a leitura me passou e, antes de
mais nada, vou dizer que amei!
Katsa é uma personagem forte – nada de mocinha indefesa –
não só pelos poderes que tem, mas por sua criação. Ela passou por tanta coisa
desde a infância que teve de aprender a ser durona. Se fechou para a maioria
das pessoas, porque só o que o povo faz é ter medo dela.
Po é um jovem gentil e que guarda um segredo quase grande
demais para si. Porém ele cresceu aprendendo a guardar esse segredo, então o
fardo termina não sendo tão grande. Além de gentil, ele é animado e obstinado
também.
Os personagens secundários como Raffin e Oll, dentre outros,
são explorados o suficiente para conhecermos eles, mas não demais que eles se
sobreponham aos personagens principais, apenas entendemos exatamente o que eles
fazem para ajufar os protagonistas. (Eu até quero ler um livro com o Raffin
sendo o protagonista.)
A narrativa é ótima e eu li rápido. Gostei da linguagem
empregada pela Kristin e o jeito como ela abordou tudo. (Estou esquecendo de
alguma coisa que eu queria falar...) A capa é linda!
Eu me diverti, me emocionei (chorei um bocado, na verdade –
manteiga derretida que sou) e, no fim, fiquei em êxtase. Pensando na história
um bom tempo depois de ter terminado.
Ah! Eu adoro o Po, mas precisava ser esse o nome do garoto?
Ele podia ter um nome menos estranho. rsrs
Nota: 5/5 - favorito!
#148: Mistério no Museu Imperial - Os Invencíveis #1 - Ana Cristina Massa
Editora: Biruta
Páginas: 155
Ano: 2012
Sinopse (Skoob):
Um grupo de meninos e meninas em busca de desafios - os
Invencíveis. Assim eles se autodenominam para enfrentar outros grupos em jogos
e disputas na internet. A aventura começa numa visita com a escola ao museu
imperial de Petrópolis, onde compraram um quebra cabeças de três mil peças. Na
tentativa de montá-lo o mais rápido possivel. Os invencíveis percebem que estão
diante de um mistério que poderá levá-los a um desafio maior uma investigação
que é um verdadeiro quebra-cabeças. a curiosidade os faz voltar a Petrópolis e
ao Museu Imperial. antiga residência de verão de D.Pedro II e procurar as
informações do presente e também do passado - que ajudem a desvendar o
mistério.
Eugênio, Goma, Sofia e Isa são amigos e gostam de desafios.
Eles se auto intitulam Invencíveis e são liderados por Eugênio. Goma e Gênio
estudam juntos e, numa visita ao Museu Imperial em Petrópolis, a casa de
veraneio de D. Pedro II, eles descobrem o novo desafio do grupo.
Eugênio compra quatro quebra-cabeças iguais de 3.000 peças
na loja de suvenires do museu e desafia a si mesmo e aos 3 amigos quem monta
primeiro sem ajuda. Goma e Sofia são meio irmãos e se trancam cada um em seu
quarto, para que o outro não veja onde um está. Quando terminam os jogos, todos
percebem que há um homem estranho na imagem que é réplica de um quadro do
Museu.
Aproveitando as férias, os quatro e Jonas, outro garoto do
colégio que também viu coisas estranhas no Museu, vão para a casa de Seu
Otaviano, avô de Eugênio, em Petrópolis passar uma semana e usar esse tempo
para explorar a casa de D. Pedro II e descobrir quem é o homem a mais na imagem
dos quebra-cabeças.
Cinco adolescentes corajosos desvendando um mistério da
história do Brasil. Parece até filme de sessão da tarde, mas é o enredo desse
ótimo livro que, além de divertir, incentiva os jovens a pesquisarem o contexto
histórico abordado na narrativa. Além de a leitura ser rápida e fácil, com a
linguagem dos jovens, principalmente nas falas. Uma obra que poderia ser
adotada e muito bem aproveitada pelos professores. =)
Adolescentes que me leem, procurem, é divertido.
Pessoal mais velho talvez não curta tanto.
Se tiver algum professor que leia o blog, diz aí se conhece
a obra, por favor? ^-^
Nota: 4/5.
*Esse livro foi cedido para resenha pela editora Biruta.
Sorteio: Alma?
Quem quer um livro da Gail Carriger? Pois a Editora Valentina liberou e eis a promoção de Alma?!
Vamos às regras:
1) Ser seguidor do Colecionadores de Histórias (clique em "Participar deste site" na ferramenta Seguidores à direita);
2) Ter endereço de entrega no Brasil;
3) O período de participação será de 13/04/2013 a 04/05/2013.
ATENÇÃO: É obrigatório seguir o blog, após preencher esse primeiro item no Rafflecopter ele libera as demais alternativas para vocês.
Espere a caixinha aparecer abaixo e efetue o login no Facebook ou, caso não tenha, clique em "use your name and e-mail".
Depois clique nos botões DO IT em cada opção e se inscreva nelas - preste atenção nas instruções dadas a cada DO IT.
#147: Retrato do Meu Coração - Patricia Cabot
Editora: Record
Páginas: 377
Ano: 2012
Sinopse (Skoob):
No passado, a desengonçada Maggie Herbert vivia às turras com
os meninos, entre os quais o futuro duque de Rawlings, mas tudo se resumia a
provocações e brigas. Agora adultos, eles se reencontram. Porém tudo parece
conspirar contra a paixão recém-descoberta. Será que os jovens conseguirão
vencer preconceitos - dos outros e os próprios - em nome do amor?
Ah, aqueles livros que devoramos em um único dia... Adoro
quando pego algum assim! E Retrato do
meu coração foi desses. Comecei a ler de madrugada para dormir alegre – só
de ser da Diva Cabot eu sabia que seria bom – e tive que me obrigar a larga-lo
voltando a lê-lo praticamente assim que acordei. rsrs
Para quem não sabe, Patricia Cabot é a Meg Cabot e seus
livros mais adultos e históricos são os lançados com o nome de Patricia. Retrato do meu coração não é
continuação, mas tem relação direta com A
rosa de inverno (que eu já li e adoro, mas nunca resenhei).
Em Retrato temos
uma mocinha nada convencional para sua época, afinal Maggie é de família
abastada, mas pintora – profissão que não era vista como digna de jovens da
sociedade. Além disso, ela é alta, muito alta se comparada às mulheres de sua
família e, em suas próprias palavras, carnal.
Por outro lado, há Jeremy, um jovem duque que herdou o
título sem querer e faz parte da Guarda Real Montada, pois segundo ele só o que
sabe fazer é lutar, sendo ótimo esgrimista e cavaleiro.
Entre os dois há, primeiro, a questão da maioridade e um não
se achar digno da outra, depois, surgem um noivo, uma noiva e ela não se achar
digna do papel de duquesa; além de muitos mal-entendidos e comunicação falha.
Esses dois me fizeram rir muito! E não só eles, alguns dos
personagens coadjuvantes também são ótimos. Além disso, eu torci por eles
juntos e separados e os chamei de bocós em alguns momentos, fiquei muito
empolgada quando algumas coisas aconteceram. Enfim.
Sou dessas que quando gostam muito de um livro, ao invés de
demorar mais a ler para aproveitar mais, leem desenfreadamente para saber logo
tudo que acontece, então como eu disse que li em um dia, vocês podem deduzir
que eu amei! E foi isso mesmo, então fiquem com a minha empolgação e a
indicação de lerem!
Nota: 5/5 ~ favorito!
Para aumentar a estante #79
Ding-doong! Atenção senhores passageiros... Opa! Texto errado... rs
Atenção fãs do tio Rick tem novidade sobre o lançamento de A Marca de Atena!
O livro será lançado no dia 03 de Maio 26 de Abril! (Ihull! Está mais perto que longe! \o/)
Narrado por quatro semideuses — Percy Jackson, Annabeth, Leo e Piper — é uma jornada inesquecível até Roma, recheada de importantes descobertas, sacrifícios surpreendentes e medos indescritíveis. Suba a bordo do Argo II… se você tiver coragem.
Annabeth está apavorada. Logo quando ela está prestes a reencontrar Percy — após seis meses afastados, graças a Hera —, parece que o Acampamento Júpiter se prepara para o combate. A bordo do Argo II com os amigos Jason, Piper e Leo, ela não pode culpar os semideuses romanos por pensarem que o navio é uma arma de guerra grega: afinal, com aquele dragão de bronze fumegante como figura de proa, a fantástica criação de Leo não parece mesmo nada amigável. A última esperança de Annabeth é que os romanos vejam seu pretor Jason ao lado deles e compreendam que os visitantes do Acampamento Meio-Sangue estão ali em uma missão de paz.
E essa é apenas uma de suas preocupações. Annabeth guarda no bolso um presente da mãe, que veio acompanhado de uma ordem intimidadora: Siga a Marca de Atena. Vingue-me. A guerreira já carrega nas costas o peso da profecia que mandará sete semideuses em busca das Portas da Morte. O que mais Atena poderia querer?
O maior medo de Annabeth, no entanto, é que Percy tenha mudado. E se ele estiver muito ligado aos costumes romanos? Será que ainda precisa dos velhos amigos? Como filha da deusa da guerra e da sabedoria, Annabeth sabe que nasceu para liderar — no entanto, nunca mais sem o Cabeça de Alga.
Curtiram?
O livro já está em pré-venda no Submarino, na Saraiva, na Americanas e na Livraria Cultura.
#146: Um estudo em vermelho - Sir Arthur Conan Doyle
Editora: Martin Claret
Páginas: 124
Ano: 2005
Sinopse (Skoob):
O cadáver de um homem, nenhuma razão para o crime. É a
primeira investigação de Sherlock Holmes, que fareja o assassino como um “cão
de caça”. Lamentava-se de que “não há mais crimes nem criminosos nos nossos
dias”, quando, nesse instante, recebe uma carta a pedir a sua ajuda — o cadáver
de um homem foi encontrado numa casa desabitada, mas não há qualquer indício de
roubo ou da natureza da morte. Sherlock Holmes não resiste ao apelo, mas sabe
que o mérito irá sempre para a Polícia.
Um Estudo em Vermelho (1887), de Arthur Conan
Doyle (1859- 1930), é a estreia de Holmes. A história foi editada pela primeira
vez na revista Beeton’s Christmas Annual e logo fascinou inúmeros leitores,
para quem o endereço do detetive — 221B Baker Street, Londres — se tornou uma
das ruas mais famosas da literatura. As deduções do investigador são narradas
pelo seu amigo, o Doutor John Watson, uma espécie de Sancho Pança de Holmes.
Livro que cumpriu o item 8 do DRD/13:
ler um livro que foi lançado no ano do seu nascimento.
Achar uma obra para cumprir esse item foi meio complicado.
Tive que recorrer à wikipedia para
acessar uma lista de livros lançados em 1988 (não tenho problemas de assumir
minha idade u.u), daí vi um livro do Irving Wallace e lembrei que minha mãe tem
livros dele, daí fui na estante dela, mas tinha dois outros; então vi um do
Sidney Sheldon e “opa! Minha mãe tem muitos livros dele!”, esse ela também não
tinha. ¬¬ Até que vi o livro do Sir Arthur e fui procurar no quarto dos meus
pais as edições de bolso e achei! \o/ Esse livro está até sendo lido pelo meu
pai, mas eu peguei e li rapidinho. rs
Eu nem estava pensando em ler ele agora, mas estava me
atualizando em Elementary (série do Sherlock Holmes com a Joan Watson que me
diverte) e resolvi ler e conhecer o Sherlock original.
Em Um estudo em
vermelho, os leitores são apresentados ao Dr. John H. Watson, médico ainda
jovem do exército de Sua Majestade, dispensado do serviço por ter tido a saúde
abalada depois de ser baleado. Watson este em Londres e busca um lugar bom e
barato para morar, então encontra um colega da universidade que o leva a travar
conhecimento com o Sr. Sherlock Holmes, que procura alguém para dividir o
pagamento de um apartamento em Baker Street.
O que Watson percebe logo de início é que Holmes tem o
raciocínio rápido e é uma espécie de cientista. Depois ele fica sabendo que
Sherlock é um detetive de consultas, quer dizer, a Scotland Yard o procura
quando quer uma opinião de fora sobre determinados casos.
É assim que ambos se envolvem na investigação de um
assassinato aparentemente estranho, em que há sangue na cena do crime, mas o
morto não mostra ferimentos. Aí Watson acompanha o processo dedutivo empregado
pro Holmes para resolver crimes.
Sherlock Holmes é realmente um personagem carismático e
divertido, assim como Watson é o melhor amigo do qual ele precisava, pois não
crê tanto nas deduções e questiona o detetive, além de ter conhecimentos
médicos que podem vir a ajudar em outros casos.
A história é narrada por Watson em seu diário, o que dá uma
visão externa de Holmes, mas não onisciente ou desconectada do personagem.
Assim, os leitores descobrem os mistérios junto de Watson.
Bem... Eu gostei bastante da leitura, apesar de não ser o
melhor livro investigativo que já li, pois tem um trecho que eu demorei a
entender o que estava sendo contado e que deixou a história um pouco lenta.
Leiam, afinal as aventuras de Sherlock Holmes não são
consideradas clássicos a toa.
Nota: 4/5.
#145: Rosa Negra - Trilogia das Flores - Nora Roberts
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 350
Ano: 2012
Sinopse (Skoob):
Aos 47 anos, Rosalind Harper (Roz) é uma mulher
capaz de passar pelas maiores provações sem esmorecer. Com três filhos, ela
sobreviveu a dois casamentos e construiu um viveiro, de onde tira seu sustento.
Ao longo dos anos, o viveiro deixou de ser apenas um ganha-pão e se tornou
muito mais que isso: um símbolo da esperança e da independência dela, que
divide o negócio com mais duas mulheres, Hayley e Stella, suas companheiras
para todas as horas. As três são o futuro do viveiro.
Contudo, esse futuro corre perigo, e Rosalind sabe
que elas não podem lutar sozinhas contra o fantasma da Noiva Harper. Contratado
para descobrir os ancestrais da família Harper, o Dr. Mitchell Carnegie se vê
intrigado com a própria protagonista. E, conforme o mistério por trás da
identidade da Noiva Harper começa a se desfazer, ela percebe com espanto que se
vê atraída pelo genealogista.
Três mulheres se encontram em momentos fundamentais
em suas vidas — todas em busca de novas formas de crescer — e descobrem umas
nas outras a coragem de arriscar e encarar o futuro.
Antes de mais nada, já resenhei o primeiro livro da
trilogia, Dália Azul, aqui no blog. Então, esta resenha pode conter spoiler do livro
anterior.
Praticamente um ano se passou desde que Stella e Hayley
entraram na vida de Rosalind Harper e passaram a morar na Harper House. Com
tantas crianças na casa, a Noiva Harper – o fantasma da família de Roz – passou
a se manifestar com mais frequência: em alguns momentos inofensiva, em outros
assustadora. Isso fez Roz procurar um genealogista renomado para pesquisar
sobre sua família e descobrir quem é Amélia, a Noiva.
Agora que Mitchell Carnegie terminou o projeto no qual
estava imerso, pode se dedicar ao curioso fantasma Harper e a desvendar a
mulher que o procurou e contratou. Ele não consegue esquecer Roz, desde que ela
apareceu em seu apartamento em um terninho formal para falar de negócios.
Depois disso ele a vê trabalhando com suas amadas flores e percebe outra
faceta, ficando cada vez mais intrigado com ela.
Então, Roz se vê administrando seu negócio, convivendo com
uma fantasma por vezes muito cruel e ainda tenta resistir a um homem sexy e
encantador que está cada vez mais envolvido com ela. Para completar, seu
ex-marido – o maior erro da sua vida – está de volta, tentando abalá-la e
deixa-la mal perante a sociedade.
Rosa Negra é mais
um romance da minha diva Nora Roberts e fico muito feliz em dizer que ela não
me decepciona nunca.
Nessa obra temos romance, confusão, brigas de sociedade,
brigas de família, traição, agressão e grandes descobertas sobre o passado dos
Harper.
Não tenho muito o que falar além de que vale muito a pena
ler Nora se você é um apreciador de romance e se não se incomoda com um toque
sobrenatural bem aplicado e intrincado na história.
Nota: 5/5 – favorito.
Café dos Cole #10: Fora de Tempo
Vocês aceitam um cafezinho?
Na coluna de hoje, leiam o conto que ficou em terceiro lugar no concurso cultural Conta Que Eu Apaixono, escrito pela Larissa Justo e postado com a permissão dela, é claro. =D
Fora de Tempo
Empurrando
a franja para longe do rosto, Mariana ficou na ponta dos pés e tentou alcançar
a janelinha de vidro da porta, emoldurada na madeira para permitir aos
passantes uma visão do que havia dentro da sala. Estava claro que o marceneiro
não pensara em cadeirantes, crianças e pessoas de baixa estatura ao criar o
modelo daquela porta. Entretanto, considerando que o prédio ainda não tinha rampas
para cadeiras de rodas, esse era o menor dos problemas do velho conservatório.
Não que isso importasse, no momento. Podia peticionar à diretoria a criação de
rampas para portadores de necessidades e janelinhas de vidro mais acessíveis
depois que visse - e ouvisse - o que viera ali para ver. E ouvir.
Infelizmente,
aquela era uma das salas que ficavam no fim do corredor, daquelas
construídas em forma de “L”, acompanhando a curva até a escada para o terceiro
andar. Mesmo que tivesse altura suficiente para observar dentro dela sem
dificuldades, não conseguiria ver nada enquanto seu alvo estivesse no ponto
cego de seu campo de visão limitado. Frustrada, Mariana se apoiou ainda mais na
porta, imprensando o nariz contra o vidro e forçando os olhos até ficar quase
estrábica.
Às
suas costas, Letícia cobriu um bocejo e piscou para espantar as lágrimas
trazidas pelo malabarismo facial.
-
O que, exatamente, nós viemos fazer aqui, Nana? – ela perguntou, observando a
amiga com um misto de afeto e exasperação. Ajustou melhor a mão na alça da
maleta onde guardava seu violoncelo, obviamente incomodada por estar segurando
todo aquele peso sem nenhum propósito aparente. – Você sabe quantos quilos esse
negócio tem?
Sem
tirar os olhos da janelinha, Mariana apontou na direção da parede, onde seu
violino estava encostado. Suspirando, Letícia apoiou seu instrumento ao lado da
maleta vermelha que havia presenteado sua melhor amiga no ano anterior. Pensando
melhor, resolveu se escorar na parede, também. Aquela maluca podia ficar ali o
dia todo, pendurada na porta, fazendo o que quer que fosse que estivesse
fazendo, porque era mais teimosa que uma mula. Experiências passadas indicavam
que seria muito melhor esperar com paciência do que tentar demovê-la do
objetivo da vez.
Além
disso, eventos anteriores ditavam que não era uma boa ideia largar Mariana sozinha quando estava daquele jeito. Da última vez que Letícia
deixara-a por conta própria naquele tipo de situação, a doida tinha
conseguido quase guilhotinar a própria cabeça com um fio de cobre de uma viola.
Então, sair dali sozinha estava fora de questão.
-
Pelo menos me explica qual foi a bola da vez? – Letícia questionou, dando de
ombros e ajeitando a renda do vestido, resignada.
Uma
veia irritada começou a pulsar na testa da violinista, que esmagou ainda mais o
rosto contra a porta, como se estivesse tentando atravessá-la a là Gasparzinho.
-
Daniel. Monteiro. Franca. – Mariana
rosnou, fazendo uma careta.
Letícia
nunca tivera coragem para contar à amiga que aquela careta não funcionava – os
grandes olhos castanhos e o nariz pequeno faziam com que aquele retorcer facial
a deixasse parecida com a Sininho ao invés do Hannibal Lecter. O cabelo longo,
escuro e lustroso, preso em uma trança, também não contribuía em nada com a
tentativa de intimidação. Muito pelo contrário; deixava a moça aparentando ser
muito mais jovem do que os vinte e três anos que acabara de completar.
-
O que é que tem ele?
Dessa
vez, Mariana virou a cabeça para encarar sua melhor amiga com fogo nos olhos.
-
O que é que tem ele? O que é que—
Leti. Leti, Leti, Leti.
-
Alguém já te disse que você fica parecendo uma música do Black Eyed Peas quando fala desse jeito?
Ignorando
a alfinetada, Mariana prosseguiu:
-
Vou te explicar “o que é que tem”. Começando do começo: lembra quando a Múmia Nestor
finalmente foi embora?
Mestre
Nestor era o antigo Primeiro Violino na Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e
estava beirando os oitenta anos. Apesar de inegavelmente talentoso, era um
senhor rabugento que não conseguia mais acompanhar o ritmo das peças musicais
por causa da artrite. O apelido mais comum para o velho era Múmia, mas o namorado
de Letícia costumava dizer Nestor era uma versão musicalmente sensível do
Professor Binns de Harry Potter.
Como
a explicação de Mariana incluía o nome de Nestor, Letícia já tinha alguma ideia
do que se tratava. Preparou o espírito para ouvir, mais uma vez, a ladainha que
a violinista vinha entoando nos últimos quatro anos.
-
É claro que eu lembro. Você até comprou um espumante para comemorar. – a
violoncelista retrucou, suspirando.
-
Exatamente, Leti. Eu comprei um espumante.
Sabe por quê? Porque era eu a próxima
da fila, Leti. Não tinha nenhum outro violino melhor do que o meu depois que
aquele projeto de Tuntankamon resolveu voltar para a tumba. E aí! – Mariana
exclamou, espalmando com força a porta da sala de prática. – Aí me aparece esse
sujeitinho desconhecido, que pula direto da Orquestra Sinfônica de Londres para
Minas como se respirar um pouco do ar da Europa fosse requisito necessário para
liderar a minha orquestra!
Nem
um pouco surpresa com a explosão, Letícia começou a se preparar para acalentar
a obsessão de sua melhor amiga. Bruno, seu namorado e oboísta na orquestra, costumava aconselhá-la a
deixar Mariana fazer o que bem entendesse, porque era problema dela. Mas isso
era o pensamento típico dos oboístas, que eram poucos e geralmente procurados o
suficiente para não sentirem muito a pressão da concorrência. O que não era o
caso de Nana, que viera de uma família bem humilde de São Lourenço, lutara com
unhas e dentes por uma bolsa no conservatório e estava se virando sozinha em
Belo Horizonte desde os catorze anos.
Mariana
dera o sangue por um espaço na Filarmônica. Literalmente: ela treinara tanto
que seus dedos ficaram em carne viva. As cicatrizes e calos que existiam nas
mãos dela eram permanentes, e expostos para o mundo com muito orgulho. Vendo
toda a disposição da moça em subir na cadeia alimentar da Música Clássica,
Letícia só conseguia sentir orgulho e admiração – mesmo que sua amiga fosse um
exemplo perfeito da famigerada competitividade dos violinistas.
-
Que eu saiba, os Franca vêm de uma linhagem longa de músicos, Nana. A avó dele
cantou em todas as orquestras de Paris, o avô dele comandou a Brasileira por
muito tempo e, de acordo com o Bruno, o menino toca desde os três anos de idade,
com os melhores dos melhores. Ele é uma cria do cenário musical europeu; não me
espanta que seja bom o bastante para tocar aqui, nessa vaga. – Letícia
interviu, tentando diluir o brilho assassino dos olhos da outra. – Eu sei que
você se esforçou muito, mas ele também é muito bom.
Letícia
quase pôde ouvir o bom senso de Mariana rachar estrondosamente.
-
Você ainda nem ouviu nada dele, criatura! E olha, ele pode ser até a segunda
encarnação do Paganini, eu não. Me.
IMPORTO. Quem passou os últimos dois anos dando a vida por essa vaga, Leti?
Ah,
não. Lá vinha a retórica. Letícia suspirou, mais uma vez. Pelo menos estava
oxigenando bastante os pulmões.
-
Você, Nana.
-
Quem cobriu todas as apresentações de cordas que o velho Nestor deixou de
comparecer quando estava frio ou chovendo, o que quer dizer quase todos os dias
do último ano?
-
Você, Nana.
-
Quem é que—
-
Certo, Nana, eu já entendi, não precisa pirar. Todos os membros da Orquestra
sabem que você merece a vaga. Só que o Maestro achou melhor trazer um gênio
aclamado por gente do exterior, e você não pode fazer nada a respeito.
Abrindo
a boca em um esgar de indignação, Mariana preparou-se para iniciar um novo
discurso. Entretanto, a porta onde a violinista estava se escorando abriu,
salvando os ouvidos e a paciência de Letícia. Infelizmente, a referida porta
abria para dentro da sala, o que significava que, ao ser escancarada, deixara de funcionar como ponto de apoio do corpo de Mariana, que desabara para trás, aterrissando no
próprio traseiro com um grito surpreso.
Ao
invés de colocar as mãos para amainar a queda, a moça vencera o reflexo natural
do corpo e segurara as mãos junto ao ventre para evitar que elas batessem no
chão e machucassem, impedindo-a de tocar. Ou seja, o impacto no traseiro
provavelmente doera o dobro.
Letícia
fez uma careta em consideração à dor da amiga e ergueu os olhos para ver quem
havia aberto a porta. Do alto de seus nada impressivos de um metro e meio de
altura, o Maestro encarava a violinista prostrada aos seus pés com uma
expressão curiosa. Por trás dele, vazava o choro sentido de um violino.
Assim
que parou de gemer, Mariana virou o rosto para cima e encarou o Maestro com um
olhar tão sentido e choroso quanto o som do violino que tocava na sala. Como de
praxe, ignorou as formalidades e falou logo o que estava pensando:
-
Isso é “O Trilo do Diabo”? – questionou, ainda com a cabeça virada para cima.
O
Maestro balançou a cabeça, obviamente conformado com a atitude bizarra da
violinista. Letícia cobriu com uma tosse seca a risada que ameaçava borbulhar
de sua garganta e se aproximou da amiga para ajudá-la a se levantar.
-
Isso mesmo. O Senhor Franca está praticando um solo para sua apresentação à
comunidade. É uma prova do bom gosto do rapaz escolher Tartini como primeiro
cumprimento aos ouvintes, não acha?
Mariana
não se importou em esconder a falsidade de seu sorriso ao responder:
-
Bastante apropriado, sim, que ele toque “O Trilo do Diabo”.
Erguendo
as sobrancelhas, divertido, o Maestro abriu mais a porta, obviamente indicando
que as duas deveriam entrar.
-
Foi bom ter encontrado vocês duas agora. Muito propício, muito propício. Quero
incluir um trio de cordas na apresentação do jovem Franca à sociedade mineira,
e vocês são justamente quem eu preciso para fechar três. Estava pensando em Beethoven.
Nós vamos discutir as nossas opções assim que essa música terminar.
Meio
mancando, meio saltitando, Mariana se arrastou até a curva da sala, obviamente
escutando a proposta do Maestro com apenas parte de sua atenção. Todo o resto
de sua mente estava focado na música que ecoava pelas paredes.
A
“Sonata Nº 2, Op. 1” de Giuseppe Tartini[1] –
comumente conhecida como “O Trilo do Diabo” – era uma das músicas mais
desafiantes do repertório de qualquer violinista. A peça exigia quase todas
as técnicas clássicas do instrumento. Mariana vinha tentando tocar aquela
música desde os dezessete anos, e ainda tinha muitos problemas em atravessar o Andante sem ter que repetir algumas
partes.
Daniel
Franca não tinha esse problema.
Era
um rapaz alto e magro, de tez morena e cabelos negros e cacheados caindo sobre
as orelhas. Mesmo usando calça e camisa social, não conseguia ocultar o quão
jovem era; no máximo um ou dois anos mais velho do que Mariana e Letícia. Suas
mãos compridas e bem feitas acariciavam apaixonadamente as cordas do violino
avermelhado, arrancando dele as notas desesperadas do final da música mais
famosa de Tartini.
Mariana
agarrou a mão de Letícia e cravou seus dedos (sem unhas compridas) no braço da
amiga.
-
Ele está praticando em um Stradivarius[2]?
É isso que eu estou vendo? – Mariana sibilou.
-
Você sabe muito bem que é melhor praticar no instrumento com o qual tocamos nas
apresentações. Se o dele é um Stradivarius, qual o problema de tocar nele, uai?
-
Traidora. – a violinista resmungou.
-
Você está procurando motivos para odiar o cara, Nana. Certo, ele veio e tomou a
sua vaga, mas a culpa não é dele. E você está jogando fora a oportunidade de
apreciar toda aquela beleza espanhola ali, quero dizer, você já viu o nariz
dele? E aquelas sobrancelhas? E aquela bun—
-
Cala a boca, pelo amor de Deus. Cê tá ouvindo o que cê tá dizendo? – Mariana
tapou a boca da amiga com a mão livre, horrorizada. Letícia notou, divertida,
que o sotaque interiorano da amiga estava ficando mais carregado, como
costumava acontecer quando ela ficava transtornada. – Confraternizar com o
inimigo é uma coisa, mas confraternizar com outros violinistas é impossível.
-
Por que os egos de vocês não cabem no mesmo recinto?
A
resposta de Mariana foi uma tentativa quase bem-sucedida de asfixiamento. A violoncelista teve
a vida poupada pelo encerramento da música, que foi uma deixa para que o Maestro
chamasse-as para apresentá-las à sua nova aquisição.
Aproximando-se
do pequeno tablado onde Daniel Franca aguardava, Mariana lutou para não deixar
os olhos desviarem do rosto dele. Porque ela não seria como Leti. Não, ela não
checaria se o corpo dele conseguia encher apropriadamente uma calça de linho. E
não olharia para as mãos dele, ou a forma reverente como elas seguravam o
violino (que merecia toda a reverência do mundo, é claro, era um Stradivarius).
O
ruim era o fato do rosto angular e charmoso do rapaz distraí-la tão bem quanto
o resto dele.
-
Meninas, esse é o Senhor Daniel Franca. Ele será o nosso Primeiro Violino de
agora em diante. – Daniel sorriu, assentindo à informação dada pelo Maestro. –
Senhor Franca, estas são a Senhorita Ferreira, uma de nossas mais brilhantes
violoncelistas, e a Senhorita Albuquerque, que estava cotada para a sua posição
antes que o senhor aceitasse voltar para o Brasil.
O
sorriso de Daniel tornou-se mais aberto e simpático enquanto ele se aproximava
para apertar as mãos das recém-chegadas. No entanto, a mente de Mariana travou, repetindo a frase “estava cotada para sua posição” em loop infinito - motivo pelo qual a moça quase esmagou a mão do outro
violinista quando foi sua vez de cumprimentá-lo.
Daniel
encarou-a com estranhamento depois de finalmente libertar a mão do aperto
constritor. Em resposta, Mariana ofereceu a ele um sorriso digno de um tubarão
branco do Pacífico.
-
É um prazer conhecê-lo, Senhor Franca. – Letícia apressou-se em dizer, tentando
quebrar a tensão entre os outros dois jovens da sala enquanto pisava com força
no pé da amiga.
Tirando
o olhar da violinista por alguns instantes, Daniel virou para Letícia e dirigiu
a ela, mais uma vez, seu sorriso charmoso.
-
Só Daniel, por favor. Não sou tão mais velho do que vocês. Você é Letícia
Ferreira, namorada do Bruno?
A
voz dele era rouca e, apesar de ter perfeita dicção no Português, soava em um
sotaque indefinido, uma cadência estranha, fruto de anos habituado a conversar
em línguas estrangeiras.
Mariana
lembrou que ainda estava na metade de seu curso de Francês e ficou com mais
raiva ainda.
-
Ah, sim. Ele comentou que vocês já se conhecem, da Espanha.
-
Ele ficou na minha casa quando passou uma temporada em Madri. Foi bom revê-lo. –
Daniel deu de ombros, e voltou a encarar Mariana. – Você deve ser Mariana
Albuquerque, certo? O Maestro comentou que é muito boa.
-
Aparentemente, não sou boa o bastante. – foi a resposta imediata de Mariana,
destilando rancor o bastante para inundar a sala.
Daniel
arregalou os olhos. Depois, sorriu, mostrando os dentes. Letícia tentou não
grunhir de irritação ao ver o desenrolar de uma tragédia anunciada.
-
É o que veremos.
A
reação escandalizada de Mariana foi interrompida quando o Maestro bateu palmas e
falou com riso em sua voz:
-
Bem, já que estamos todos aqui, é hora de seguirmos para a primeira reunião do
Senhor Franca com a orquestra! Vamos todos para o auditório. É uma pena eu não
ter conseguido o salão do Museu para isso, mas, como é um evento informal, vai
servir.
Os
três jovens foram empurrados para fora da sala, e Letícia praticamente arrastou
Mariana para longe de Daniel, já que a violinista parecia prestes a avançar e
arrancar a jugular dele com os dentes.
O
rapaz, por sua vez, parecia muito confortável em ser o alvo óbvio do ódio de
sua nova colega. A violoncelista agradeceu a todos os deuses e espíritos do
mundo quando os quatro finalmente chegaram ao auditório do conservatório, onde
ela poderia sentar Mariana longe de sua presa. Escolheu a última fileira de
cadeiras acolchoadas e optou pelos lugares mais próximos à saída de emergência.
Por via das dúvidas.
Enquanto
o Maestro subia no palco e iniciava a reunião, Mariana virou para Letícia com
uma expressão febril que a deixava com ares de psicopata.
-
Eu quero degolá-lo com o arco do meu violino.
-
Você não consegue nem descascar batatas, Nana.
-
Você viu o que ele fez? Você viu a cara
dele?
-
Bem, você não foi exatamente educada e cordial, uai. O que esperava?
-
Que ele fosse embora para a Espanha, largasse o violino e decidisse virar
toureiro. E aí um daqueles touros bombados faria um espeto dele, e eu ficaria
vendo a cena pelo YouTube toda vez
que precisasse me alegrar.
-
Você. É doente.
Quando
o Maestro chamou Daniel para o alto do palco e começou a recitar o quanto ele
era bom, competente e a melhor adição à Filarmônica de Minas desde sempre,
Mariana se encolheu em sua cadeira acolchoada e ficou resmungando coisas do
tipo “engomadinho” e “ladrão de tumbas” até o rapaz descer do palco.
A
situação não melhorou muito daí em diante, porque Daniel optou por sentar na
cadeira ao lado de Mariana.
Letícia
olhou para o sorriso satisfeito do rapaz, olhou para os dedos brancos de
Mariana apertando os braços do assento, e levantou.
-
Não me responsabilizo pela sua vida, Daniel. Você parece gostar de viver
perigosamente. – ela comentou, incrédula, antes de virar para a amiga. – Nana,
vou sentar com o Bruno. Chame quando precisar esconder o corpo.
E
saiu quietamente da fileira onde estavam, seu cabelo curto e enrolado
balançando a cada passo.
Mariana
respirou fundo. Uma, duas, três vezes. Ordenou suas mãos a largarem a cadeira,
porque poderia acabar forçando demais os dedos e tendo dificuldade para tocar,
depois. Já estava bem mais calma, ignorando sumariamente o outro violinista,
quando um dos violistas passou entregando as partituras do próximo projeto da
orquestra.
Absorta
nas linhas complexas da peça que o Maestro havia escolhido – Tchaikovsky,
porque, se dependesse do Maestro, nada poderia ser simples e fácil – quase não
ouviu quando Daniel falou, ao seu lado.
-
Então, você me odeia.
A
mão que segurava a partitura fechou automaticamente, amassando o papel.
Contando até dez (em Português, e depois Francês, e depois Alemão), Mariana
abriu os dedos e dedicou-se em tirar todos os vincos das folhas, pobres e
inocentes vítimas.
-
Porque você seria o Primeiro, e eu vim de fora só para acabar com a sua
alegria.
Dessa
vez, estava mais preparada. Não reagiu. Apenas olhou para frente, procurando
ouvir cada palavra que o Maestro estava dizendo sobre “O Quebra Nozes” e
buscando ignorar a risada silenciosa que chacoalhava o rapaz sentado ao seu
lado.
-
Sei como você se sente. Mas não vou pedir desculpas. A oportunidade surgiu, e
eu agarrei. Você teria feito o mesmo.
O
pior era: ele estava certo. Ela teria feito a mesma coisa. Entretanto, não
estava disposta a sentir simpatia por ele. Não mesmo.
-
Alguém já te disse que você parece o Bambi?
E
aí, toda a calma friamente coletada por Mariana quebrou como a nota de um
saxofone entupido.
-
Dá pra calar a boca?
Para
azar dela, a pergunta foi feita em um daqueles momentos em que todos do lugar
param de falar e o silêncio faz com que até as vozes mais moderadas pareçam
cortar o ambiente.
-
Algum problema, Senhorita Albuquerque? – o Maestro perguntou, erguendo as
sobrancelhas.
Toda
a orquestra virou para encará-la. Letícia, de seu lugar na segunda fileira,
bateu a mão na testa.
Mariana
sentiu todo o sangue do corpo subir para suas bochechas, assolada por uma vergonha
esmagadora. Balançou a cabeça freneticamente, não confiando na própria voz para
dar uma resposta apropriada. O Maestro sorriu para ela e piscou um olho
conhecedor para Daniel antes de voltar à palestra.
Mal
a última cabeça virara novamente para o palco, a moça sentiu uma leve cutucada
no ombro direito. Fechou os olhos e começou a revisar mentalmente o nome de
todas as peças de Beethoven, decidida a não responder. Após alguns minutos, ele
parou. O que era muito bom, porque Mariana não ia levantar e trocar de lugar. Isso seria uma clara admissão de derrota.
Quando
finalmente abriu os olhos de novo, a moça olhou de soslaio e viu
que Daniel estava tomando notas, rabiscando alguma observação no canto da
partitura. Sentiu-se estranhamente desapontada; estava esperando mais
tenacidade dele. Balançou a cabeça para dispersar o sentimento e puxou uma
caneta da bolsa para anotar o que o Maestro estava dizendo sobre o pesadelo que
era a métrica bizarra de Tchaikovsky.
Ainda
não tinha conseguido prestar a devida atenção nas palavras do mestre quando uma
partitura idêntica à sua escorregou em seu colo. Mariana olhou para o lado, mas
Daniel estava olhando para frente, parecendo muito compenetrado.
Colocou
o papel novo por cima dos seus e passou os olhos sobre o que estava impresso.
Acima do cabeçalho, havia uma mensagem, escrita em uma letra pequena e
elegante:
Por
que você não para logo de me odiar para que eu possa te convidar para sair?
Ah.
Bem.
O
que ele esperava que ela fizesse com isso?
Está
certo que ele era bonito, tocava bem (não exatamente melhor do que ela, mas bem) e sabia falar cinco línguas –
cumprindo alguns dos requisitos que ela tinha para deixar um cara dar em cima
dela – mas. Ladrão de Tumbas.
Tentando
não pensar muito sobre a atração que talvez estivesse sendo despertada por
aquele pedido tão sincero e direto, a moça pegou a própria caneta e escreveu
uma resposta:
Porque você é o
FILHO DO DEMÔNIO que o Maestro pensa que toca melhor do que eu.
E, convenhamos,
relacionamentos entre violinistas nunca funcionam.
Sem
olhar para Daniel, Mariana jogou a folha sobre as pernas dele. Seus ouvidos,
entretanto, estavam totalmente voltados para os ruídos que ele fazia, e ela
ouviu quando a caneta dele deslizou sobre o papel, redigindo outra resposta:
O que
você quer que eu faça, pare de tocar para que você se sinta menos inadequada?
E, por que não funcionaria?
Com
uma risada de escárnio, Mariana driblou as notas insanas da partitura para
escrever mais.
Claro que não, seu idiota. Não teria graça se
você desistir antes de eu limpar o chão com a sua cara, depor você do trono e
toma-lo para mim.
E, você é um violinista. Sabe como é. O ego de
um violinista é um recém-nascido que precisa de cuidado constante. Dois
violinistas juntos é, basicamente, como ter um bebê tentando cuidar de outro:
um desastre. Abandono de incapaz. Termina em morte e tragédia.
Virou
de lado para devolver o papel. A mão de Daniel já aguardava a devolução, e ele
estava sorrindo, embora ainda olhasse para a direção geral do palco. Menos de
um minuto depois, a partitura voltou para as mãos de Mariana, que sequer fingiu
não estar interessada na conversa inusitada.
Ótimo,
porque eu nunca faria isso, nem por esses seus olhos de Bambi.
Discordo
da sua percepção sobre relacionamentos entre violinistas.
Meus
pais são violinistas e estão casados há trinta anos. Não tentam se matar mais
do que acontece com outros casais. Muito pelo contrário, eles nunca discutem
por causa de trabalho, porque pensam da mesma forma.
Rolando
os olhos, Mariana sentiu sua irritação dissolver como se fosse a última nota de
uma peça particularmente violenta. Talvez não devesse odiar Daniel tão
abertamente. Afinal, como dizia o ditado: mantenha seus amigos perto e seus
inimigos mais perto ainda. Além disso, não era apropriado agir como uma
psicótica assassina em ambiente de trabalho, isso atrapalharia o rendimento da
orquestra, e essa era a última coisa que ela queria.
Resolveu
oferecer a bandeira branca e aceitar sua posição de Vice-Rei. Por enquanto. E
sem adoçar demais, obviamente.
Quer saber, é o seguinte: no dia em que eu
tocar melhor do que você, pode me chamar para sair.
Pronto.
Uma declaração inocente, que agradaria o ego dele e tornaria as coisas mais
fáceis. Satisfeita com a forma como lidara com a situação, dobrou a partitura e colocou-a em cima
dos outros papéis dele.
A
resposta veio em segundos:
Sala Três,
segundo andar. Dueto. Quem chegar primeiro escolhe a peça que o outro vai
tocar.
Enquanto
ela lia, Daniel levantou, levando suas partituras e a maleta com o Stradivarius
em direção à saída do auditório. Mariana ficou temporariamente distraída com a
reviravolta inusitada dos eventos, abrindo e fechando a boca, como um peixe,
por vários segundos.
As
portas de vai-e-vem da saída já estavam balançando quando o espírito nem um
pouco esportivo da violinista finalmente tomou conta dela, fazendo-a recolher
todos os pertences e correr para a saída com um sorriso predatório no rosto.
Daniel
estava esperando por ela do lado de fora, sorrindo abertamente, com covinhas
nas bochechas. Mariana não conseguiu evitar sorrir de volta. Ela deu alguns
passos tímidos na direção dele antes de começar a correr, sem olhar para trás,
tentando conseguir alguma vantagem no percurso até a sala de prática.
A
risada surpresa dele acompanhou-a pelo corredor.
[1] O
Trilo do Demônio, nome popular da Sonata no. 2, Op. 1 do compositor Giuseppe
Tartini, é famosa por sua dificuldade e por sua história: Tartini diz ter
sonhado que oferecia o próprio violino a Diabo, que pegou o instrumento e tocou
essa música. Ao acordar, o compositor buscou “lembrar” da música do sonho e
coloca-la no papel.
[2] Stradivarius
é uma das mais famosas marcas de instrumentos de corda do mundo, criada por Antonio
Stradivari (1644-1737). Atualmente, existem cerca de 650 violinos desse tipo no
mundo.