Editora: #Irado (Novo Conceito)
Páginas: 384
Ano: 2014
Sinopse (Skoob):
A maioria dos garotos faria qualquer coisa para passar no Desafio de Ferro. Callum Hunt não é um deles. Ele quer falhar.
Se for aprovado no Desafio de Ferro e admitido no Magisterium, ele tem certeza de que isso só irá lhe trazer coisas ruins. Assim, ele se esforça ao máximo para fazer o seu pior... mas falha em seu plano de falhar. Agora, o Magisterium espera por ele, um lugar ao mesmo tempo incrível e sinistro, com laços sombrios que unem o passado de Call e um caminho tortuoso até o seu futuro.
Magisterium - O Desafio de Ferro nasceu da extraordinária imaginação das autoras best-seller Holly Black e Cassandra Clare. Um mergulho alucinante em um universo mágico e inexplorado.
Estou em uma vibe bem Fantasia e Aventura desde que entrei de férias e resolvi encarar a bibliografia da Holly Black, alguém que costuma não ter medo de colocar seus personagens em situações de conflito moral que fazem maravilhas para o desenvolvimento do enredo. Escolhi este livro porque a Cassandra Clare, que é uma das melhores amigas da Black, é bastante competente em construção de mundos (worldbuilding, para a galerinha imersa nos termos em Inglês) e é muito boa na criação de diálogos. Uma história escrita com a cooperação dessas duas autoras definitivamente interessa a fãs do gênero Fantasia, como eu, que já estava planejando ler O Desafio de Ferro desde que as duas começaram a fazer divulgação da obra pelas redes sociais.
Por isso, caí em cima desse livro sem dó nem piedade na semana passada, e posso afirmar que a história é tudo o que você poderia esperar de uma fusão dos estilos de ambas as autoras, com uma ressalva: esse primeiro livro, que suponho ser de uma série de cinco, possui protagonistas com média de idade de doze anos e, como tal, é direcionado para essa faixa etária. Ou seja, esqueçam - pelo menos por enquanto - dos costumeiros plots Young Adult dos livros da Clare, especialmente no que diz respeito a romance. Essa história está muito mais próxima das Crônicas de Spiderwick da Black, pelo menos em primeira instâncias.
Ou talvez eu devesse dizer que se aproxima mais da série Harry Potter.
Melhor fundamentar a história básica do livro antes de começar comparações, não é? É. Então, vamos lá: antes de mais nada, esse livro se vale de uma fórmula que existia muito antes de Harry Potter tornar a J. K. Rowling mais rica do que a rainha da Inglaterra. Estou falando da ideia básica de uma Escola de Magia/Sobrenatural como principal pano de fundo do enredo. Harry Potter tem Hogwarts, Percy Jackson tem o Acampamento Meio-Sangue, a Unseen University de Discworld... Existem várias, várias escolas de magia ficcionais acabei de descobrir que tem umas não ficcionais, também, obrigada, Wikipedia, e O Desafio de Ferro criou mais uma delas para figurar no nosso imaginário coletivo: o Magisterium, cujo nome também batiza a série de livros.
Mas essa história não é sobre o Magisterium. É sobre um menino chamado Callum Hunt - que eu jurava de pé junto que seria o moleque que estava no centro da capa, mas, surprise, surprise, não é. É o molequinho de cabelo preto à esquerda do loirinho. Se o protagonismo estivesse bem dividido entre os três desenhados nela, eu nem estranharia, mas a narração em terceira pessoa do livro acompanha Callum em todos os capítulos, com exceção do prólogo. Então, não entendi qual foi a do artista que desenhou esse negócio, mas isso não vem ao caso.
Ahem, voltando ao Callum - chame de Call, por favor - ele foi o único sobrevivente de um massacre que ocorreu entre os não-combatentes durante uma guerra (desconhecida pelas pessoas comuns do nosso mundo) entre os Magos e o Inimigo da Morte. Enquanto os exércitos de ambos os lados se enfrentavam em uma batalha sangrenta, o Inimigo aproveitou para atacar o local onde se escondiam os idosos, os feridos e as crianças jovens demais para batalhar. Apesar de serem mais vulneráveis, esses não-combatentes resistiram com afinco. Entretanto, quando o pai de Callum, o jovem Alastair Hunt, chegou ao esconderijo, encontrou todos mortos. Com exceção do bebê Callum, com uma perna muito machucada e alvo de um aviso tenebroso deixado por sua própria mãe.
O prólogo, sob o ponto de vista do pai do Callum, é recheado de magia e tensão, mas o primeiro capítulo já muda o tom da história: o protagonista, já com doze anos de idade, foi educado unicamente pelo pai, isolado de tudo o que fosse ligado a magia e ao magistério. Call foi constantemente ensinado a desconfiar dos magos e a nunca utilizar a própria magia. Entretanto, o garoto manifestou capacidade mágica e, por isso, será obrigado a passar pelo teste de avaliação da escola de magia, porque se for considerado poderoso o bastante, tornar-se-á um aluno compulsório do Magisterium.
E é por isso que os Hunt estão há anos planejando fazer com que Call falhe, propositalmente, o Desafio de Ferro.
Esse é só o comecinho do livro e, pelo que entendi, a ponta do iceberg da história. O livro é curto; li em poucas horas, sem cansar. Por um lado, essa narração acelerada e o andar veloz do enredo evitam que a história fique maçante; por outro, a caracterização e descrição dos personagens e locais acaba sofrendo um pouco. A exposição do colégio, da dinâmica da magia e do próprio conflito foi muito direta e sucinta. Ficou aquele gosta de quero mais!
Entretanto, não posso contar isso como ponto negativo porque: 1) O público alvo é infanto-juvenil. A história não subestima a inteligência de ninguém, mas certamente é direcionada a leitores que querem mais ação e menos enrolação; 2) É uma série, e as autoras certamente guardaram mais informações para enriquecer os futuros livros; e 3) Nem todo mundo pode ser o Tolkien e conseguir um livro rentável, né?
Dito isso, preciso abordar aquilo que a maioria das críticas ao livro certamente atacaram, que são os pontos de similaridade entre o mundo de Magisterium e o mundo de Harry Potter. Clare foi uma Big Name Fan dos livros da Rowling e sua primeira série de sucesso, Os Intrumentos Mortais, tirou muito - sério, muito mesmo - das fanfictions potterianas da Cassandra. Sabendo disso e vendo a premissa de Magisterium, é muito fácil apontar o que é parecido entre os dois livros. Callum também é um menino de cabelo preto bagunçado, também perdeu familiares por causa de um Inimigo Mágico, também foi matriculado em uma escola de magia, também tem um mestre mentor que esconde coisas, também tem um menino e uma menina como melhores amigos... É possível listar uma miríade de desenvolvimentos semelhantes.
No entanto, esses paralelos não anulam completamente a originalidade da história. Apesar da exposição simples, Magisterium tem um sistema de magia completamente diferente do que é visto em Harry Potter, com uma manifestação bem mais sinistra do que a estranheza e a bizarrice charmosa dos bruxos da Rowling. Os magos de Magisterium seguem bem mais a linha acadêmica de alquimistas, e se apresentam mais como uma sociedade secreta do que um mundo oculto.
Além disso, sabe a tendência da Black de brincar com a moral dos personagens? Está presente neste livro, com certeza. Mais do que um novo universo mágico, mais do que as aventuras, foi esse conflito moral que fez esse livro realmente valer a pena.
Enfim: Magisterium foi, para mim, uma fusão de Harry Potter com The Demon's Lexicon da Sarah Rees Brennan. Quem leu esse último vai entender o que eu estou falando.
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