Editora: Rocco
Páginas: 223
Ano: 2012
Sinopse (Skoob):
Ao mesmo tempo engraçado e atordoante, o livro reúne as cartas de Charlie, um adolescente de quem pouco se sabe - a não ser pelo que ele conta ao amigo nessas correspondências -, que vive entre a apatia e o entusiasmo, tateando territórios inexplorados, encurralado entre o desejo de viver a própria vida e ao mesmo tempo fugir dela.
As dificuldades do ambiente escolar, muitas vezes ameaçador, as descobertas dos primeiros encontros amorosos, os dramas familiares, as festas alucinantes e a eterna vontade de se sentir "infinito" ao lado dos amigos são temas que enchem de alegria e angústia a cabeça do protagonista em fase de amadurecimento. Stephen Chbosky capta com emoção esse vaivém dos sentidos e dos sentimentos e constrói uma narrativa vigorosa costurada pelas cartas de Charlie endereçadas a um amigo que não se sabe se real ou imaginário.
Íntimas, hilariantes, às vezes devastadoras, as cartas mostram um jovem em confronto com a sua própria história presente e futura, ora como um personagem invisível à espreita por trás das cortinas, ora como o protagonista que tem que assumir seu papel no palco da vida. Um jovem que não se sabe quem é ou onde mora. Mas que poderia ser qualquer um, em qualquer lugar do mundo.
Como a grande maioria do público, cheguei a esse livro por conta do
filme inspirado nele. Adorei o filme e então corri pra ler o livro e posso
dizer que não me arrependo nem um pouco.
Não se trata de uma obra nova, a publicação original ocorreu lá em 1999,
mas apesar disso, o que temos aqui é uma obra extremamente atual sobre os
dramas de um garoto ao entrar na adolescência, tendo que encarar os desafios de
um período conturbado enquanto lida com fantasmas do seu passado.
Charlie, o garoto que acabou de perder o melhor amigo (que se suicidou),
se vê às voltas com sua entrada no High School sozinho. Mas logo as coisas
melhoram e novos amigos, começando pelo professor de Inglês, Bill e depois
conhecendo Patrick e Sam. É com a ajuda deles e de outras personagens que
Charlie cresce durante o período de um ano escolar, descobrindo bastante acerca
da vida e sobre si mesmo.
É justamente essa uma das maiores qualidades do livro, todo esse
processo de auto-descoberta de Charlie faz com que reflitamos um pouco sobre
nós mesmos e nos identifiquemos com ele de uma maneira extremamente fácil.
Outro fator que ajuda essa identificação dos leitores com o protagonista é o
estilo usado na organização do livro, que nada mais é que uma compilação de
cartas escritas por ele para um interlocutor anônimo. No fim das contas, cada
um de nós é o amigo secreto de Charlie para quem ele confidencia seus segredos.
As personagens secundárias são um atrativo à parte. Bill é um
conselheiro, um modelo para Charlie e é um dos poucos a perceber o verdadeiro
potencial do garoto. Os ‘irmãos’ Patrick e Sam também são essenciais para a
trama e possuem uma construção extremamente profunda. Ele é o garoto gay (em
plenos anos 90), que vive um romance secreto com a estrela do time de futebol americano
da escola, escondendo isso de todos exceto de seus amigos.
Já Sam é ainda mais especial. Somos apresentados a ela como uma garota
perfeita, doce e antenciosa e ainda por cima linda. Claro que vemos isso pelos
olhos de Charlie, portanto, tendenciosa. Descobrimos, entretanto, que Sam tem
um passado bastante conturbado, e está longe de ser a criatura divina vista por
Charlie, mas isso não a faz não menos apaixonante, o que torna fácil entender o
amor que Charlie desenvolve por ela.
Podemos citar ainda a família de Charlie, com sua irmã que lida com um
namorado violento e até mesmo com um aborto, a mãe que parece ser um pouco
distante, o pai sempre sério, porém presente e o fantasma da inesquecível tia
Helen, que marcou o passado do garoto.
Só pelo que já foi dito até aqui, já temos um livro excelente, que se
torna ainda melhor por conta das inúmeras referências a livros, filmes,
programas de TV e músicas, o crescimento de Charlie está intrinsecamente ligado
ao seu desenvolvimento cultural, por meio das músicas que ele ouve, dos livros
que Bill lhe dá para ler e de momentos como as encenações de ‘The Rocky Horror
Picture Show’ que ele faz com os amigos.
‘As Vantagens de Ser Invisível’ é isso, um livro simples e até
despretensioso, que nos passa lições simples, mas sinceras, como o fato de que
cada um aceita o amor que acha que merece. Que fique claro que não se trata de
um livro feliz, longe disso, já que a depressão é tema central e recorrente. É
um livro que faz você pensar, acima de tudo e, com sorte, vai deixar você com
um sentimento novo, descrito de maneira bastante clara na obra: você vai se
sentir infinito.
Pedro Neves
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